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da festa. Na língua portuguesa “festejar” abriga sentido semelhante a “ comemorar”. .... Em “Friedensfeier”, “A festa da paz”, Hölderlin acentua ainda mais esta ...
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Conferências

Comemorar na linguagem - onde a festa se faz

Idalina Azevedo da Silva

Comemorar, como avisa e pressagia a própria palavra, só acontece no compartilhamento. Quem está de fora não comemora. Não o ausente, que vive o evento, mesmo distante, como se estivesse presente, mas o esquecido e esse sim, diz Kafka nos seus muitos escritos, estão condenados. “Não te esqueças do melhor” exorta o antigo ditado rabínico. Esse não esquecer, todavia, implica um esquecer-se a si próprio para dar lugar ao outro. Comemorar é, pois, desde a sua origem conviver. Comemorar, do latim “memorare”, lembrar, está ligado ao termo grego “mnemon” que se lembra, que tem boa memória. “Mnemon” vem de “mimnesco”, lembrar-se, pensar. “Comemorar é pensar”, conclui Manuel de Castro no seu artigo “Pensar a Comemoração” em homenagem ao centenário de nascimento do filósofo Martin Heidegger (CASTRO, 1992). Toda comemoração é recolhimento e doação, despojamento, e se realiza na ambiência da festa. Na língua portuguesa “festejar” abriga sentido semelhante a “comemorar”. Em alemão Fest, “festa”, vem do empréstimo do latim “festum”, substantivado do adjetivo “festus”, originalmente uma designação para dias dedicados a festejos religiosos. “Festus” é como “feriae” etimologicamente aparentado com “fanum” sagrado, santo, consagrado, dedicado a Deus. O termo antigo “Fest” desdobrou-se na significação geral de “Feier”, acontecimento alegre. Feier, ato da festa, do alemão antigo “fira”, no alemão Cadernos de Letras - n. 23 - p. 11-24 - jan./dez. 2007

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médio ‘vire’, é um empréstimo da forma tardia do latim “feria”, juntamente com a forma verbal “feiern”, presente em Feiertag, feriado, dia de festa, dia santo; Ruhetag, dia de folga e descanso. Uma outra palavra em alemão que expressa a comunhão e o acolhimento na ambiência do comemorar é “Andenken”, Andenken é um substantivo neutro formado pelo verbo “denken”, que quer dizer pensar; precedido da preposição “an”, que no caso do verbo complementa-lhe o sentido de pensar em alguém ou em alguma coisa. Denken, trabalhar espiritualmente, reconhecer, perceber, vem do alemão antigo “thenken” e aparenta-se em sua origem com danken, agradecer, de onde surge também o substantivo Gedanke, pensamento, idéia. Andenken, memória, é o título de um dos mais belos poemas de Hölderlin. Mnemósina, de onde vem memória é, segundo o mito grego, a mãe das nove musas, filhas de Zeus, criadas para com seus cantos presidir ao pensamento dos homens e alegrarlhes o coração. Sendo assim: Memória e pensamento estão juntos desde o começo. É a memória que encaminha o homem pela vida através das veredas e dos sertões mais curtos ou longos íngremes ou planos. É esse esclarecimento que registra, não, a memória não opera com registro, ela opera no eco incômodo, no grito, no canto ou no silêncio das sereias, no alarme do corpo de bombeiros, no barulho do trovão, a voz dos deuses, ensina Hölderlin. (SILVA, 2000)

É Memória quem instaura a festa que por sua vez nela se transforma num com-circular entre doar e receber, colher e semear. Pois: Não fazemos a festa A festa se faz O que importa é o lugar E quem aí está.1

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Céu e terra mortais e imortais, diz Heidegger. Todavia, neste ambiente festivo, não há nada a temer, pois o dia de festa é dia santo desde os primórdios, dia já anunciado pelos profetas antigos. “Naquele dia” a promessa do Senhor se cumprirá. O instante da festa de união é profetizado por Sofonias: Naquele dia, será dito a Jerusalém: Não temas Sião! Não desfaleçam as tuas mãos! Iahweh, o teu Deus está no meio de ti, um herói que salva! Ele exulta de alegria por tua causa, estremece em seu amor, ele se regozija por tua causa com gritos de alegria. Os aflitos longe da festa, eu os reúno, eles estavam longe de ti, para que não carregues mais o opróbrio. Eis-me em ação contra todos os teus opressores. Naquele tempo, salvarei os coxos, reunirei os dispersos, atrairei para eles louvor e renome em toda a terra, quando realizar a sua restauração. Naquele tempo vos conduzirei, no tempo em que vos reunir; então vos darei renome e louvor entre todos os povos da terra, quando realizar a vossa restauração, aos vossos olhos, disse Iahweh. Sofonias 1,16-202 (Bíblia de Jerusalém, 2002)

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A Festa Recordar é viver, esclarece o dito popular. A festa comemora o início de uma vivência, ou recorda, no sentimento de união daqueles que dela participam, vivências anteriores, abrigadas na memória. A festa é instauração da memória, um “a-presentar-se” em presente. Os dias de festa são feriados, dias de descanso, o que não quer dizer ausência do trabalho. Os que participam da festa trabalham na unidade, no participar. Aliás, os dias de festa não são os dias de descanso dos crentes, nem festejam o descanso de Deus depois da criação. Os dias de festa comemoram acontecimentos que precisam ser relembrados e isso é feito com todo vigor na lembrança da antiga labuta. Os participantes da festa se reúnem em torno de alguma coisa, acontecimento ou idéia e vivenciam esta experiência na unidade dos que festejam. O que importa é a intenção que a todos reúne. A festa comporta ainda um ritual de repetição, em forma de um contínuo repensar para uma nova instauração do legado da memória. A festa, onde o amor acontece, é, na poética de Hölderlin, sempre, a reunião entre os elementos da natureza, entre eles também o homem, e o criador: o encontro na fonte originária. É a celebração do noivado entre céu e terra, entre mortais e imortais. Assim ela é cantada no poema “Der Rhein”, “O Reno”, o rio da pátria alemã3: Dann feiern das Brautfest Menschen und Götter, Es feiern die Lebenden all, Und ausgeglichen Ist eine Weile das Schicksal. Und die Flüchtlinge suchen die Herberg, Und süßen Schlummer die Tapfern, die Liebenden aber Sind, was sie waren, sie sind Zu Hause, wo die Blume sich freuet

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Unschädlicher Glut und die finsteren Bäume Der Geist umsäuselt, aber die Unversöhnten Sind umgewandelt und eilen Die Hände sich ehe zu reichen, Bevor das freundliche Licht Hinuntergeht und die Nacht kommt. Então homens e deuses festejam o noivado, Todos os viventes festejam, E em equilíbrio Está por um instante o destino. E os fugitivos buscam o albergue, E os bravos doce sono, Os amantes, porém São o que eram, eles estão Em casa, onde a flor se alegra Do ardor inocente e as árvores escuras O espírito envolve sussurrante, mas os irreconciliados Se voltam e apressam-se A darem-se as mãos, Antes que a luz amiga Decline e a noite chegue.4

O instante da plenitude é sagrado, e aquele que participa da festa se insere neste momento que reúne passado e presente aqui como foi outrora. Em “Wie wenn am Feiertag”, “Como em um dia de festa”, o lavrador sai pela manhã para ver o campo, depois da tempestade noturna, e o que vê é o despertar deslumbrante da natureza de novo repleta do entusiasmo criador. E na alma dos poetas se incendeia um fogo que abriga todo o acontecido e agora o revela, pois é aos poetas que cabe agarrar o raio do Pai e, oculta na canção, oferecer ao povo a dádiva celeste: Doch uns gebührt es, unter Gottes Gewittern Ihr Dichter mit entblössten Haupte zu stehen, Des Vaters Strahl, ihn selbst, mit eigner Hand

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Zu fassen und dem Volk ins Lied Gehüllt die himmlische Gabe zu reichen Todavia a nós é destinado, sob as trovoadas de Deus, poetas, ficar de pé com a cabeça descoberta, o raio do Pai, ele próprio, com a própria mão agarrar e ao povo na canção oculto ofertar a dádiva celeste.

Então, o poeta é a própria memória, o Senhor da Festa. Revelado mais uma vez em “Andenken”: ... Es nehmet aber Und gibt Gedächtnis die See, Und die Lieb auch heftet fleissig die Augen, Was bleibt aber, stiften die Dichter. ... Contudo tira E dá memória o mar, E o amor também prende diligente os olhos, O que fica, todavia, presenteiam-no os poetas.

O motivo desta profissão é mistério. O poeta como depositário da confiança trilha o seu caminho porque tem que ser assim. Talvez, por terem o coração puro e mãos limpas como também reza o Salmo 24 (23). Quem pode subir à montanha de Jahweh? Quem pode ficar de pé no seu lugar santo? Quem tem as mãos inocentes e coração puro, Denn sind nur reinen Herzens, Wie Kinder, wir sind schuldlos unsere Hände, (Hölderlin, „Wie wenn am Feiertage”) Pois são somente de coração puro, Como crianças, nós, são sem culpa nossas mãos,

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E o raio puro do pai não o queimará e apesar das dores com a aproximação do Deus o coração permanece firme. Mas Hölderlin se aproximou demais do divino, tanto que os próprios deuses o precipitaram no abismo junto aos vivos para que, como ele diz “... dass ich das warnende Lied den Gelehrigen singe.” (“... que eu cante aos que quiserem aprender a canção de aviso.”) Ele pergunta então aos celestes: Und fast wie ein Blinder muss ich Dich, Himmlischer, fragen, wozu du mir, Woher du seiest, seliger Friede! Dies eine weiß ich, Sterbliches bist du nicht. Denn manches mag ein Weiser oder Der treuanblickenden Freunde einer erhellen, wenn aber Ein Gott erscheint, auf Himmel und Erd und Meer Kömmt allerneuende Klarheit. Darum habe ich heute das Fest, und abendlich in der Stille Blüht ringsum der Geist und wäre auch silbergrau mir die Locke, Doch werd ich raten, dass wir sorgten, ihr Freunde, Für Gastmahl und Gesang, und Kränze genug und Töne, Bei solcher Zeit unsterblichen Jünglingen gleich. (Hölderlin, „Versöhnender, der du nimmer geglaubt…”) E quase que como um cego tenho que A ti, do céu, perguntar, por que tu a mim, De onde és tu, doce paz! Isso eu sei, de mortal nada és, Pois alguma coisa pode um sábio ou Um dos amigos do olhar fiel esclarecer, quando, todavia Um Deus aparece, sobre céu, e terra e mar Vem claridade que torna tudo novo. Por isso eu tenho hoje a festa, e ao anoitecer, no silêncio Floresce em torno o espírito e também se o meu cabelo embranquecesse, Eu aconselharia, que nós cuidássemos, ó amigos, do banquete e canto, e coroas bastantes e música, Neste tempo como os jovens imortais. (“Conciliante, tu que nunca acreditado...”)

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Em “Friedensfeier”, “A festa da paz”, Hölderlin acentua ainda mais esta missão do poeta como guardião da memória, possibilitador da festa: Vom Allebendigegen aber, von dem Viel Freude sind und Gesänge, Ist einer einen Sohn, ein Ruhigmächtiger ist er, Und nun erkennen wir ihn, Nun da wir kennen den Vater Und Feiertage zu halten Der Hohe der Geist Der Welt sich zu Menschen geneigt hat. De todo vivo, contudo de quem são muitas alegrias e cantos, um é um filho, um poderoso de paz ele é e agora nós o reconhecemos, agora já que conhecemos o pai e para comemorar dias de festa o alto, o espírito do mundo se inclinou para os homens. Einmal mag aber ein Gott auch Tagewerk erwählen, Gleich Sterblichen und teilen alles Schicksal. Schicksalgesetz ist dies, dass Alle sich erfahren, Das, wenn die Stille kehrt, auch eine Sprache sei. Uma vez contudo pode um Deus escolher trabalho diário igual aos mortais e partilhar de todo destino. Lei do destino é que todos se sintam uns aos outros (aprendam uns dos outros), que quando o silencio (sossego) retorne, seja também uma linguagem. Viel hat von Morgen an, Seit ein Gespräch wir sind und hören können voneinander, Erfahren der Mensch; bald sind wir aber Gesang. Muito, desde a manhã Desde que somos colóquio (diálogo) e podemos ouvir uns dos outros, o homem tem aprendido ; contudo logo seremos canto.

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Zuletzt ist aber doch, ihr heiligen Mächte, für euch Das Liebeszeichen, das Zeugnis Dass ihrs noch seiet, der Festtag, [...] Der Allversammelnde, wo Himmlische nicht Im Wunder offenbar, noch ungesehen im Wetter, Wo aber bei Gesang gastfreundlich untereinander In Choren gegenwächtig, eine heilige Zahl Die Seligen in jeglicher Weise Beisamen sind, und ihr Geliebtestes auch, An dem sie hängen nicht fehlt; denn darum rief ich Zum Gastmahl, das bereitet ist, Dich, Unvergesslicher, dich, zum Abend der Zeit, O Jüngling, dich zum Fürsten des Festes; und eher legt Sich schlafen unser Geschlecht nicht, Bis ihr Verheissenen all, All ihr Unsterblichen, uns Von eurem Himmel zu sagen, Da seid in unserem Haus. O que a todos reúne, onde os celestes não revelados no milagre nem não vistos no tempo (tempestade), onde contudo em cantos unidos hospitaleiramente presentes em coros, um número sagrado os bem aventurados de toda o modo estão juntos, e o seu mais amado também, a quem estão ligados não falta; pois por isso eu chamo para o banquete que está preparado/ a ti, inesquecível, a ti na noite (ocidente, crepúsculo) do tempo, ó jovem, a ti como senhor da festa e antes não se deitará a dormir o nosso gênero humano (raça), até que todos vós, prometidos, vós todos imortais para dizer-nos do vosso céu aqui estejais em nossa casa.

A festa, onde o amor acontece, todavia, tem seus arautos e profetas. Seus anunciantes e mensageiros. Fundamental entre os humanos é o poeta. Na natureza são os elementos naturais,

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fundamentalmente os rios e a correntes. As estações do ano e, sobretudo, a primavera. A anunciadora da festa. Essa reverência à primavera, como já dissemos em outros escritos, aparece já nos poemas da juventude de Hölderlin, e, sobretudo, no romance Hyperion. Foi a chegada da primavera com o seu esplendor e beleza que fez Hyperion desistir de abandonar a Alemanha depois da morte de Diotima: Aber der himmlische Frühling hielt mich auf; er war die einzige Freude, die mir übrig war, er war ja meine letzte Liebe, wie könnt‘ ich noch an andere Dinge denken und das Land verlassen, wo auch er war? Bellarmin! Mas a primavera celeste me deteve, ela foi a única alegria que me restou, ela foi o meu derradeiro amor, como poderia ainda pensar em outras coisas e abandonar a terra onde também ela estava? Bellarmin!

A primavera é cantada por Hölderlin em inúmeros poemas, inclusive na lírica mais tardia (como são denominados os poemas escritos no “tempo da loucura”). É a mesma primavera com todo o seu esplendor e vigor dos poemas anteriores. Entre os sessenta “Poème de Lautre Vie” (Preaux, 1993) estão nove canções que falam da primavera. A primavera funda a vida. Com o anúncio da primavera acontece de novo a festa na qual a terra debruçando-se sobre os homens lhes doa renovadamente a alegria. O instante da plenitude é sagrado, e aquele que participa da festa expressa o seu agradecimento cautelosamente e murmurante em tons de encantamento. Com humildade. Como Hölderlin, (como Scardanelli). Ouçamos alguns versos destas canções: Der Frühling Die Sonne kehrt zu neuen Freuden wieder, Der Tag erscheint mit Strahlen, wie die Blüthe, Die Zierde der Natur erscheint sich dem Gemüthe, Als wie entstanden sind Gesang und Lieder.

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A primavera O sol retorna para novas alegrias, O dia surge com raios como os botões de flor, O ornamento da natureza se revela à alma como quando surgiram canto e canções. Der Tag erwacht, und prächtig ist der Himmel, Entschwunden ist von Sternen das Gewimmel, Der Mensch empfindet sich, wie er betrachtet, Der Anbeginn des Jahrs wird hoch geachtet. Erhaben sind die Berge, wo die Ströme glänzen, Die Blüthenbäume sind als wie mit Kränzen, Das junge Jahr beginnt, als wie mit Festen, Die Menschen bilden mit Höchsten sich und Besten. O dia desperta e o céu está esplendoroso, Desvaneceu-se a balbúrdia das estrelas, O homem sente-se, no que contempla, O começo do ano altamente admirado. Altivos são os montes, onde brilham as torrentes, As árvores em flor são como coroas, O jovem ano começa como que em festas, Os homens se formam com o mais elevado e melhor.

Os cantos da primavera, na derradeira lírica de Hölderlin, são “cantos da memória”. E não se encontra aqui, nos derradeiros ditos, o anteriormente expresso? A festa, o florescer, as coroas, a claridade, o silêncio e a alegria. Cantos da festa. Vestidos para a solenidade as árvores coloridas se assemelham a coroas de flores que enfeitam a grande festa para a qual a mãe terra todos convidou. O jovem ano, como o jovem casal, festeja o início da nova vida. As antigas torrentes também estão lá, nelas se espelha de novo a mãe terra. (SILVA, 2004)

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Este é o discurso de Hölderlin, uma doação da linguagem que nele opera. Todo discurso, como toda língua é uma doação da linguagem que os possibilita. A eclosão do discurso é sempre um ato de ruptura na unidade da linguagem, é como o levantar-se da onda para depois romper-se em bolhas de espuma e nunca mais o mar será o mesmo. Com o inaugurarse do diálogo na parole do início vira-se a chave do mecanismo na dança do universo na con-fusão da linguagem. (SILVA, 2000).

“O discurso se alimenta na linguagem como os habitantes do mar no mar.” Pensando a linguagem, nos aproximamos novamente de Hölderlin que nos diz: Und darum ist die Willkür ihm und höhere Macht zu fehlen und zu vollbringen, dem Götterähnlichen, der Güter Gefährlichstes, die Sprache, dem Menschen gegeben, damit er schaffend, zerstörend und untergehend und wiederkehrend zur ewiglebenden, zur Meisterin und Mutter, damit er zeuge, was er sei, geerbet zu haben, gelernt von ihr, ihr Göttlichstes, die allerhaltende Liebe. E por isso lhe foi dado, ao semelhante aos deuses, ao homem, o arbítrio e poder mais alto de errar e consumar, o mais perigoso dos bens, a linguagem para que ele criando, destruindo e sucumbindo e novamente retornando à que vive eternamente, à mestra e mãe, a fim de que ele dê testemunho do que ele é, do que herdou, com ela aprendeu, o seu mais divino, o amor que tudo sustém. (“Na floresta”)

Na linguagem, o homem habita, e ela se dá em discursos, em cultos da memória, pois, como a mãe Terra, se abre em mundos. Idalina Azevedo da Silva UFRJ

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Notas 1 Da autora, inédito. 2 Todas as citações bíblicas são da Bíblia de Jerusalém. 3 Todos os poemas citados de Hölderlin estão nas obras completas citadas na bibliografia. 4 Todas as traduções aqui apresentadas são da autora do artigo.

Referências Bibliográficas HÖLDERLIN, Friedrich. Sämtliche Werke. Herausgegeben von Friedrich Beissner e Jochen Schmidt, vol. 1. Frankfurt a. Main, Insel Verlag 1969. ______. Frankfurter Ausgabe – Band 9, Herausgegeben von Michael Franz e D. E. Sattler, Frankfurt a. Main; Roter Stern, 1983. PREAUX, Alain. Poème de Lautre Vie. Bruxelle: Le Cri Edition 1993. SILVA, Idalina Azevedo da. “Linguagem e Discurso: no silêncio das musas”. In: MONTEIRO, Maria José P. (org.) Práticas Discursivas: Instituição, tradução & literatura, Faculdade de Letras, UFRJ, 2000. ______. “Canções da Primavera: Welt e Umwelt na (derradeira) poética de Hölderlin.” In: CASTRO, Manuel Antônio de (org.). A Construção do Real, 7 Letras / Faculdade de Letras UFRJ, 2004.

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