cena, o tema da fotografia, ou tudo isso junto. ... composição é uma delas, e é
sobre isso que falarei ... dizer que a composição de uma imagem é a escolha.
FoTogrAfia
Algumas Regras de Composição na Fotografia (e quando quebrá-las também) por Armando Vernaglia Junior Muitas vezes observamos uma foto, e não compreendemos de forma direta os motivos que nos levam a gostar daquela imagem, se são as cores, as formas, a maneira como tudo está organizado na cena, o tema da fotografia, ou tudo isso junto. Em outras vezes, fazemos tudo certo na hora de fotografar, desde a escolha de um lugar lindo, uma boa hora do dia, um filme de qualidade, medição de luz feita com cuidado, mas ao olhar a foto ela não corresponde ao trabalho que foi colocado nela. As duas situações que descrevi acima formam lados opostos de uma mesma questão: o que faz uma foto ser boa? O que faz com que algumas imagens prendam a atenção das pessoas e outras não? Existem diversos fatores que fazem uma foto vencedora se diferenciar de uma apenas boa, a composição é uma delas, e é sobre isso que falarei nesta matéria.
A foto acima foi feita ao entardecer, no centro de São Pauo, Câmera Canon EOS 30, objetiva Canon EF 24mm f2.8, filme Fuji Provia 100 e tripé. A exposição foi de 20 segundos com diafragma f16.
Mas o que é composição? De forma geral podemos dizer que a composição de uma imagem é a escolha que o fotógrafo faz de quais elementos estarão na cena e quais não estarão, além da organização dos elementos que foram escolhidos para formar a imagem. Uma escolha adequada dos elementos e a sua correta distribuição na cena são um bom começo para obter uma foto vencedora. Para tanto, existem algumas regras, a primeira delas é conhecida como regra dos terços. Em teoria é bastante simples, basta dividir o visor de sua câmera utilizando linhas imaginárias que dividam a área da foto em 9 retângulos iguais, assim, você dividiu sua cena em três terços horizontais e três verticais. Feita a divisão, deve-se procurar distribuir os elementos principais da foto utilizando as linhas imaginárias como referência, especialmente os cruzamentos das linhas, que formam os melhores pontos para concentrar a atenção de quem observa a imagem.
Essa divisão dá um equilíbrio aos elementos dispostos na cena. Quando centralizamos um elemento, acabamos dando destaque demais a uma parte da cena e ignoramos outras, a estética fica forçada, pois quando observamos uma paisagem, raramente vemos todos os elementos centralizados, desta forma, usar os terços ajuda a equilibrar e distribuir a cena. Na foto ao lado, procurei posicionar o pássaro no cruzamento das linhas do terço esquerdo e do terço superior, e ao mesmo tempo, deixei um grande espaço de céu azul à direita, assim, quem observar a imagem, terá a impressão da liberdade que o pássaro tem para voar.
Câmera Canon EOS 30, objetiva Canon EF 200mm f2.8 L USM, filme Fuji Sensia 100, 1/250s e f4.
Outro ponto a considerar, é que os povos ocidentais lêem da esquerda para a direita, e de cima para baixo, assim como lemos um texto, observamos uma imagem na mesma ordem, isso ocorre de forma inconsciente, assim sendo, a foto do periquito segue também o nosso sentido de leitura, as pessoas observam o pássaro, e depois o espaço livre, o que reforça a sensação de liberdade que a foto transmite. Mas nem só de regra dos terços vive a fotografia, um outro ponto importante é a escolha de posicionamento da câmera para fazer a foto, se vertical ou horizontal. Vejam os exemplos abaixo:
Estas duas fotos foram feitas ao amanhecer em um lago na cidade de São Paulo, Câmera Canon EOS 3, objetiva Canon EF 20mm f2.8 USM, filme Fuji Provia 100F, filtro graduado cinza Cokin P120 e tripé. A exposição foi de 3 segundos com diafragma f11. Medir a luz nessas situações é complicado, pois a luz muda muito rápido, para evitar erros, faça mais de uma foto, variando o tempo de obturador para tempos mais longos e mais curtos do que o que você mediu, de meio em meio ponto, assim garantirá pelo menos uma foto com exposição adequada.
Apesar das fotos terem sido feitas no mesmo lugar e praticamente na mesma hora, existe uma grande diferença estética entre elas, isso é causado pela escolha entre o enquadramento horizontal ou vertical. No caso dessa imagem, o enquadramento vertical funciona melhor, pois deixa mais espaço para o reflexo do céu na água e também para uma parte mais escura do céu, no alto, que age como uma moldura na cena. Além disso, na foto horizontal, o reflexo da vegetação na água forma uma massa escura no canto inferior esquerdo da imagem, que toma uma parte muito grande, tornando-a menos agradável que sua irmã vertical. Muitos fotógrafos iniciantes fotografam sempre com a câmera na horizontal, e além disso fazem poucas fotos de cada tema, minha dica é que sempre pense antes de apertar o botão, experimente olhar pelo visor com a câmera na horizontal e na vertical, e só depois faça a foto, se estiver na dúvida de qual o melhor enquadramento, faça duas ou mais fotos, uma vertical, outra horizontal e outras em outros ângulos que achar interessantes, assim você terá como avaliá-las melhor depois de reveladas, e escolher sua preferida. Como é fácil perceber, as fotos que utilizei anteriormente respeitam a regra dos terços, pois procurei posicionar o horizonte na linha do terço inferior, isso dá mais destaque ao céu. Na versão vertical da imagem, o horizonte está um pouco acima do terço inferior para permitir uma maior área de reflexo na água, mesmo assim o horizonte não está centralizado, e sim mais próximo do terço inferior. Quer dizer que sempre devemos usar a regra dos terços? Não exatamente. Existem fotos que ficam melhor se a regra dos terços for deixada de lado. É o caso da imagem à esquerda, o interessante nessa imagem é exatamente a simetria entre as árvores e o reflexo no lago, se eu adotasse a regra dos terços nessa foto, ou eu ficaria com água demais aparecendo ou céu demais, e perderia o efeito gráfico que a imagem tem. Em geral, fotos que tenham reflexos funcionam bem com uma simetria entre a imagem e seu reflexo, e nesses casos quase sempre a regra dos terços será abandonada. Mas cuidado, a grande maioria das paisagens ainda funciona melhor quando a regra é utilizada, ter bom senso e observar bem a cena que está na sua frente é fundamental para escolher a forma certa de fotografá-la Por isso, repito a dica: pense antes de fotografar, olhe cuidadosamente a cena pelo visor de sua câmera antes de apertar o botão, e sempre que estiver em dúvida, faça mais de uma foto, experimente mais de um ângulo, assim você poderá escolher a melhor imagem depois, seja olhando no monitor do seu computador, para quem usa fotografia digital, seja apreciando as cópias de suas imagens, para quem fotografa com filme.
Armando Vernaglia Junior é fotógrafo profissional, atua na área de fotografia publicitária e de natureza.