MARIA JACIARA DE AZEREDO OLIVEIRA - rabci

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5 Guido Crepax e a fotografa Valentina, apuro na técnica de .... As histórias em quadrinhos (HQ) fazem parte da história da humanidade desde seus primórdios  ...
1 MARIA JACIARA DE AZEREDO OLIVEIRA

A DINAMIZAÇÃO DE COLEÇÕES DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NAS BIBLIOTECAS POPULARES DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação

Orientadora: Prof ª NANCI GONÇALVES DA NÓBREGA

NITERÓI 2005

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O48

Oliveira, Maria Jaciara de Azeredo. A dinamização de coleções de histórias em quadrinhos nas bibliotecas populares do Rio de Janeiro / Maria Jaciara de Azeredo Oliveira. – 2005. 65 f. Orientador: Nanci Gonçalves da Nóbrega. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia e Documentação) – Universidade Federal Fluminense, 2005. Bibliografia: f. 51-53. 1. Histórias em quadrinhos – fonte de informação. 2. Bibliotecas populares – Rio de Janeiro. 3. Gibitecas. I. Nóbrega, Nanci Gonçalves. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Artes e Comunicação Social. III. Título. CDD 070.44

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MARIA JACIARA DE AZEREDO OLIVEIRA

A DINAMIZAÇÃO DE COLEÇÕES DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NAS BIBLIOTECAS POPULARES DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

Professora Nanci Gonçalves da Nóbrega – Orientadora Universidade Federal Fluminense

Profª Minoru Noyama Universidade Federal Fluminense

Profº Vera Lúcia Alves Breglia Universidade Federal Fluminense

NITERÓI 2005

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Gonçalves da Nóbrega.

a

professora

Nanci

Aos professores Minoru Noyama e Vera Lúcia Alves Breglia que compõem a minha banca examinadora Ao professor Waldomiro Vergueiro da USP pelas indicações valiosas. Às bibliotecárias das Bibliotecas Populares de Bangu, Campo Grande e Olaria/Ramos, pela atenção e informações relevantes. Aos meus amigos momentos difíceis.

sempre

presentes

nos

5

"Histórias em quadrinhos são a fantasmagórica fascinação daquelas pessoas de papel, paralisadas no tempo, marionetes sem cordões, imóveis, incapazes de serem transpostas para os filmes, cujo encanto está no ritmo e dinamismo. É um meio radicalmente diferente de agradar aos olhos, um modo único de expressão. O mundo dos quadrinhos pode, em sua generosidade, emprestar roteiros, personagens e histórias para o cinema, mas não seu inexprimível poder secreto de sugestão que reside na permanência e imobilidade de uma borboleta num alfinete." ( Federico Fellini)

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RESUMO

Mostra a transformação do prestígio das histórias em quadrinhos no Brasil e no mundo e destaca este material como fonte de informação relevante para a sociedade. Trata da modificação da relação que os bibliotecários tem com estes acervos, relativa ao processamento técnico e às atividades de dinamização das coleções e cita o surgimento de núcleos de pesquisa e acervos especializados como indicativos da mudança de atitude. Aborda o surgimento das gibitecas e discute as problemáticas envolvidas na prática de dinamização de coleções deste tipo de material nas Bibliotecas Populares do Rio de Janeiro. Lança propostas para o trabalho com os materiais quadrinísticos a partir das ilustrações de Milo Manara e dos textos e imagens de Neil Gaiman e Angeli. A partir do trabalho realizado com as histórias em quadrinhos identificado no estudo de campo, aponta a necessidade de uma prática biblioteconômica vinculada à Educação e à ação social como alternativa para uma nova postura dos profissionais da informação. ...

Palavras-chave: Histórias em quadrinhos. Dinamização de coleções. Ação pedagógica. Bibliotecas Populares. Biblioteconomia e sociedade. .

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ABSTRACT

It shows the transformation of the prestige of comics in Brazil and the world and detaches this material as source of excellent information for the society. It deals with the modification of the relation that the librarians has with these quantities, relative to the processing technician and the activities of dynamism of the collections and cites the sprouting of nuclei of research and specialized quantities as indicative of the attitude change. It approaches the sprouting of the gibitecas and argues problematic the involved ones in the practical one of dynamism of collections of this type of material in the Popular Libraries of Rio de Janeiro. Spear proposals for the work with the comics from illustrations of Milo Manara and the texts and images of Neil Gaiman and Angeli. From the work carried through with comics identified in the field study, it points the necessity of one practical entailed Library science to the Education and the social action as alternative with respect to a new position of the professionals of the information. KEY-WORDS: Comics. Dynamism of collections. Pedagogical action. Popular Libraries. Librianship and society.

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LISTA DE ABREVIATURAS

BPB

Biblioteca Popular de Bangu

BPCG

Biblioteca Popular de Campo Grande

BPOR

Biblioteca Popular de Olaria e Ramos

HQ

Histórias em quadrinhos

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LISTA DE FIGURAS

Fig. 1 Seqüências pré-históricas encontradas em cavernas.......................................................15 Fig. 2 A família Fenouillard de Georges Colomb, o Christophe..............................................16 Fig. 3 O Yellow Kid, com sua roupagem amarela e na primeira tentativa de se introduzir a fala em balões, ao invés das clássicas falas no camisolão do menino amarelo........................17 Fig. 4 Krazy Kat de George Herriman.....................................................................................18 Fig. 5 Guido Crepax e a fotografa Valentina, apuro na técnica de diagramação......................19 Fig. 6 Sandman de Neil Gaiman, ícone da década de 1980......................................................20 Fig. 7 Edição comemorativa de o TICO-TICO.........................................................................21 Fig. 8 O Pererê um Saci politicamente correto em histórias com temáticas ecológicas...........21 Fig. 9 Bidu, um dos personagens da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa.......................22 Fig. 10 A Radical Chic de Miguel de Paiva, figura feminina das HQ nacionais......................22 Fig. 11 Biblioteca do Sonhar, por Neil Gaiman........................................................................26 Fig. 12- Imagem extraída da página principal do site de Milo Manara..................................42 Fig. 13 Modelo de Manara........................................................................................................43 Fig. 14 Desejo...........................................................................................................................45 Fig. 15Desespero......................................................................................................................45 Fig. 16 Rê Bordosa em seu habitat natural..............................................................................46 Fig. 17– Rê Bordosa, questionamentos da alma feminina.......................................................46 Fig. 18 Mostra de crise existencial de Rê Bordosa..................................................................47 Fig. 19– Perda dos valores humanos e crítica às posturas da sociedade..................................47 Fig. 20 A morte de Rê Bordosa, publicada na revista Chiclete com Banana..........................48

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SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO

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2

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS : UMA HISTÓRIA ANTIGA

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2.1

OS QUADRINHOS NO BRASIL

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QUADRINHOS E EDUCAÇÃO

23

4

QUADRINHOS E BIBLIOTECONOMIA

26

5

GIBITECAS

30

5.1

BIBLIOTECA POPULAR DE BANGU

31

5.2

BIBLIOTECA POPULAR DE CAMPO GRANDE

33

5.3

BIBLIOTECA POPULAR DE OLARIA E RAMOS

35

6

A AÇÃO BIBLIOTECONOMICA NAS GIBITECAS

39

7

PROPOSTAS DE DINAMIZAÇÃO DE COLEÇÕES DE HISTÓRIAS

11

EM QUADRINHOS.

41

7.1

MILO MANARA

42

7.2

SANDMAN

44

7.3

RÊ BORDOSA

46

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

49

OBRAS CITADAS

51

OBRAS CONSULTADAS

53

ANEXOS

54

ANEXO A - CAPA DE SANDMAN

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ANEXO B - GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE SOBRE O CARNAVAL DE RAMOS

56

ANEXO C - GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE SOBRE O JUBILEU DE OURO

57

ANEXO D - GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE SOBRE PIXINGUINHA

58

ANEXO E - GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE SOBRE O CLUBE ROTARY

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ANEXO F - CARTAZ DA GIBITECA LEITURA PRAZER EM RAMOS

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ANEXO G - BIBLIOTECAS POPULARES DO RJ

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1 INTRODUÇÃO

As histórias em quadrinhos (HQ) fazem parte da história da humanidade desde seus primórdios; os desenhos em forma de quadros seqüenciais encontrados nas cavernas préhistóricas parecem ser prova disso. Um estudo sobre as histórias em quadrinhos pode oferece possibilidades tentadoras principalmente na área de comunicação: por se tratar de um instrumento de comunicação de massa, implicando em mirabolantes tramas psicológicas e sociais. O que são as histórias em quadrinhos? Muito se tem discutido sobre a validade da aplicação desse instrumento como auxiliar no processo de aprendizagem, já que é inegável o grande poder de alcance deste meio de comunicação de massa. Afinal esses “inocentes” registros não se restringem apenas às crianças e aos adolescentes: são inúmeros os adultos que admiram e/ou são estudiosos dos quadrinhos. Em pesquisa na área verifica-se que as HQ foram vítimas de uma série de preconceitos e se transformaram, assim como a sociedade da qual são frutos. E hoje em dia, vários grupos desta sociedade que antes as ignoravam e as classificavam como entretenimento estéril, voltam sua atenção para elas de estudo. Exemplo disso são as instituições de ensino médio e fundamental que utilizam o poder de alcance das mensagens em quadros seqüenciais para dinamizar a prática pedagógica; e algumas universidades, como a USP, estão descobrindo o potencial deste material e realizam diversos estudos 1 nesta área. Porém mesmo antes de serem consideradas portadoras de algo mais que diversão as HQ foram alvo do fascínio das pessoas e a partir de uma nova mentalidade leitora, verificouse que as pessoas procuravam este material, por exemplo, nas bibliotecas públicas. Ao perceber esta demanda, muitos bibliotecários começaram a incorporar estes materiais ao 1

Na USP existe um núcleo de pesquisas de histórias em quadrinhos coordenado pelo professor Waldomiro Vergueiro, que oferece a revista eletrônica AGAQUE, responsável pela divulgação de diversos artigos científicos sobre as histórias em quadrinhos. Ver o endereço nas referências deste trabalho.

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acervo das bibliotecas onde atuam. Embora de maneira aleatória, a procura dos usuários se mostrou significativa, a ponto de alguns entusiastas pensarem na criação de espaços a elas destinados, como as gibitecas e museus especializados como veremos mais detalhadamente no capítulo deste TCC referente à importância dos quadrinhos. Porém apesar do grande avanço representado pela incorporação destes materiais nas coleções de algumas bibliotecas públicas no Brasil, o tratamento dado às HQ ainda está de modo geral muito longe do que este material merece. Na verdade em geral não existe uma verba destinada para sua aquisição, restringindo-se sua entrada, com pouca seleção, misturando-se os diversos tipos de quadrinhos. O material geralmente é estocado e não recebe tratamento técnico para facilitar sua recuperação. Mas o pior é que normalmente não é feita atividade alguma para dinamizar estas coleções. Os objetivos deste trabalho são principalmente identificar se há ação biblioteconômica relacionada às gibitecas e confrontar com a literatura estudada para uma análise de alguns porquês nos problemas encontrados. Enfatizam-se as limitações encontradas nas regiões periféricas do Rio de Janeiro, e sugerem-se possíveis soluções no capítulo dedicado a algumas propostas de dinamização para coleções de quadrinhos em bibliotecas. O foco da análise é biblioteconômico, mas também sociológico, discute ações regionais diferenciadas, destacando ainda a contribuição pedagógica e cultural de uma gibiteca ativa nos bairros nas quais essas bibliotecas se situam. Para a consecução dos objetivos acima destacados a metodologia utilizada foi a de fazer um levantamento bibliográfico tema HQ e pesquisar bibliotecas que trabalham com esse tipo de material e possuem gibitecas. Desse modo foi possível traçar um esboço histórico da HQ e as transformações da recepção de leitura, além de destacar o tipo de tratamento técnico e pedagógico nas bibliotecas que serviram de campo empírico para a pesquisa, com a finalidade de que se compreenda como é possível, apesar das deficiências estruturais encontradas, realizar trabalhos criativos e de grande relevância. Após o levantamento do material teórico diretamente relacionado às HQ, foi feita a seleção de algumas obras imprescindíveis para se realizar uma análise reflexiva acerca dos problemas encontrados na prática bibliotecária. Assim a partir do recorte de uma atividade de grande potencial pedagógico que é pouco explorada nas bibliotecas, pretende-se fazer uma análise parcial do tão falado papel social do bibliotecário, incentivando o leitor a fazer suas próprias reflexões.

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Para confrontar a teoria foram selecionadas três bibliotecas para a realização de uma pesquisa de campo: Biblioteca Popular de Bangu, Biblioteca Popular de Campo Grande e Biblioteca Popular de Olaria e Ramos. A escolha dessas instituições se deve ao fato de estarem vinculadas a uma proposta de biblioteca de bairro que oferece serviços ao povo (por isso denominadas populares) de determinada região, e por constarem na listagem oferecida pela Biblioteca Euclides da Cunha/FBN como possuidoras do serviço de gibitecas. A partir daí e com as visitas técnicas, procede-se ao estudo dos possíveis porquês dos problemas encontrados, destacando-se o papel e a ação do bibliotecário na sociedade brasileira. O último capítulo é relativo a algumas propostas de dinamização de coleções. Foram escolhidas três revistas em quadrinhos de temática adulta para mostrar possibilidades de se trabalhar os quadrinhos, além de desmistificar o preconceito de que quadrinho é coisa de crianças, pois na verdade é um material para todas as idades. Nas considerações finais, reflexões sobre as atividades com histórias em quadrinhos e sobre a prática biblioteconômica vinculada à ação social.

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2 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS : UMA HISTÓRIA ANTIGA

A identificação do que poderíamos chamar de “a primeira história em quadrinhos” é bastante controversa, segundo Custódio (1999) apontar o marco inicial é tarefa complicada, embora estudos revelem que a origem dos quadrinhos remonta à pintura rupestre da PréHistória. desenhos que mostram aventuras de caça são encontrados nas grutas de Lascaux, na França, e Altamira, na Espanha. Outros exemplos são os hieróglifos e desenhos contando a vida dos faraós que aparecem em baixos-relevos egípcios (Século IV a.C.) e as narrativas figuradas comuns à via-sacra, aos estandartes chineses, às tapeçarias medievais e aos vitrais góticos (Séculos V a XIII). Todos têm em comum uma narrativa seqüencial através de imagens, mas sem a presença auxiliar das palavras que só apareceria no Século XIV com ilustrações européias que introduzem os filactérios – faixas com palavras escritas junto à boca dos personagens –, onsiderados a gênese dos balões. No século XIX o texto passa a acompanhar sistematicamente o desenho.

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Figura 1 - Seqüências pré-históricas encontradas em cavernas, a gênese da arte seqüencial

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O autor diz que tais exemplos fazem parte do embrião do que conhecemos hoje como histórias em quadrinhos, pois apesar da estrutura semelhante seus propósitos eram diferentes. No Século XIX é que podemos identificar os precursores dos quadrinhos, que são o suíço Rudolf Töpffer, com M.Vieux-Bois (1827), o alemão Wilhelm Busch, com Max e Moritz (no Brasil conhecidos como Juca e Chico, 1865), e o francês Christophe, pseudônimo de Georges Colomb, com A Família Fenouillard (1889). Esses pioneiros, segundo Custódio aliam a literatura ao desenho e, freqüentemente, exibem situações cômicas. As primeiras histórias apresentam desenhos divididos em quadros acompanhados de legendas, que dão continuidade às ações.

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Figura 2 - A família Fenouillard de Georges Colomb, o Christophe

É no Século XIX que os quadrinhos começam a desenvolver as técnicas e se estabelecerem como instrumento de comunicação de massa devido a facilidade da sua leitura e a sua apresentação atraente com desenhos e texto simplificado através de balões que saem da boca do personagem, o que os aproxima de uma realidade de diálogos, conversação. No Século XX ocorre o que Moacy Cirne (1974) denomina de “a explosão dos quadrinhos”. Descoberto o potencial de alcance junto às massas a produção dos quadrinhos aumentou em escala assustadora; e; a “arte seqüencial” desenvolvida na Europa se aprimorou com as produções americanas, motivo pelo qual os não estudiosos dos quadrinhos associam a criação das HQ, tal como conhecemos, aos Estados Unidos.

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Figura 3 - O Yellow Kid, com sua roupagem amarela e na primeira tentativa de se introduzir a fala em balões, ao invés das clássicas falas no camisolão do menino amarelo Conforme Custódio, nas décadas de 1910 e 1920 O sucesso dos quadrinhos leva ao controle dos direitos de publicação por corporações, cuja principal função é centralizar e distribuir as histórias a jornais e revistas. Assim o proprietário do New York Journal, William Hearst, cria a King Features Syndicate, em 1912, e passa a distribuir os comics por todo o mundo. Nessa época, alguns autores tentam intelectualizar suas histórias, como George Herriman, com Krazy Kat (1913) – primeira narrativa sobre gatos e ratos, e George McManus, com Pafúncio e Marocas (1913), que mostra conflitos familiares. Gasoline Alley, criação de Frank King, em 1919, inova ao mostrar personagens que crescem e envelhecem. E nos anos 20, o cinema influencia os comics, que passam a ter cortes rápidos, angulação variada e ação seriada dos episódios. O Gato Félix (1923), de Pat Sullivan, e Mickey Mouse (1929), de Walt Disney, migram do desenho animado para os quadrinhos.

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Figura 4 - Krazy Kat de George Herriman Continuando seu histórico, Custódio informa que, no decorrer dos anos os personagens se transformam e seu público também. Os apelos mudam, os personagens não são apenas infantis e alcançam diversas faixas etárias. Na década de 30 surgem os heróis como Tintin (1929) e o clássico Batman de Bob Kane. Além das aventuras, outros gêneros também ganham espaço. Surgem protagonistas femininas, como Betty Boop (1931), de Max Fleischer, e Jane (1932), de Norman Pett, que introduzem elementos eróticos nas histórias. Henry (conhecido no Brasil como Pinduca, 1932), o menino careca e sem boca de Carl Anderson, é precursor dos personagens mirins. Al Capp revoluciona com Li’l Abner (aqui conhecido como Ferdinando, 1934), que satiriza o "american way of life". Deboche e sexo explícito aparecem nas dirty comics, revistas clandestinas escritas por autores anônimos. Nas décadas de 1940 e 1950, devido a II Guerra Mundial, a indústria de quadrinhos entra em crise, e os EUA que foram o berço da indústria dos quadrinhos sofre rigorosa censura no período macarthista (1950-1954) 2 .

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Período da história americana caracterizada pela perseguição ao Comunismo.

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Nesse sentido fica claro que o foco das histórias em quadrinhos muda de acordo com a sociedade da qual é reflexo. Prova disso é a compilação das aventuras de Barbarella (1962), do francês Jean-Claude Claude Forest, que marca o começo das graphic novels, álbuns de grande apuro gráfico, que abre um filão adulto no mercado. Nessa linha também está a fotógrafa Valentina (1965), do italiano Guido Crepax 3 . Robert Crumb (1943- ), criador de Fritz the Cat (1965), lidera o movimento das revistas undergrounds, que misturam sexo, drogas e política, ao lado de Gilbert Shelton, de Freak brothers (1967).

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Figura 5 - Guido Crepax e a fotografa Valentina, apuro na técnica de diagramação 3

Considerado um dos mestres do quadrinho erótico italiano é exímio diagramador, em capítulo posterior será falado de outro especialista do quadrinho erótico, Milo Manara que de acordo com estudiosos como Gusman, superou Crepax com um erotismo mais implícito embora opte pelo enquadramento tradicional e pano de fundo rebuscados que por vezes ofuscam os personagens.

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Com seu desenvolvimento, os quadrinhos atingem o status de arte o que se deve ao argumento primoroso de roteiristas que escrevem verdadeiras pérolas de poesia e “psicodelia”. Temas adultos como conflitos existenciais, desejo, violência e caos urbano são trabalhados por nomes como Neil Gaiman ( Sandman e Orquídea Negra) e Alan Moore Batman – A piada mortal), entre outros ícones da década de 1980.

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Figura 6 - Sandman de Neil Gaiman, ícone da década de 1980

2.1 QUADRINHOS NO BRASIL

No Brasil, o precursor foi Italo Agostini com as aventuras de Nho-Quim e Zé Caipora publicadas na revistas Vida Fluminense, o Malho e Don Quixote (1869-1883). Mas foi com o Tico-Tico que iniciamos a proposta da construção de quadrinhos nacionais, embora seja nítida a adaptação dos personagens que, de brasileiros, têm apenas os nomes e os cenários, já que as características são dos comportamentos de personagens americanos. Além do clássico Gibi de 1939, lançado pelo Grupo Globo de Roberto Marinho com histórias de diversos personagens: a publicação fez tanto sucesso, que "gibi" virou sinônimo de revistas em quadrinhos.

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Figura 7 - Edição comemorativa de o TICO-TICO A partir dessas iniciativas os quadrinhos brasileiros não pararam de crescer e se no início eram réplicas de quadrinhos americanos, com o passar do tempo produziram personagens inesquecíveis. Alguns, como o Pererê de Ziraldo, partiram para uma proposta de quadrinhos com temáticas nacionalistas.Com relação a esse quadrinho, Pimentel (1929) afirma que o “feitiço virou feiticeiro” e desconfia que o “Pererê”, embora pareça um projeto de exaltação nacionalista, é, na verdade a adoção de um símbolo conveniente para mascarar a dominação, pois ressalta que a personalidade original do mito do Saci-Pererê é descaracterizada: ao invés do amoral espírito da natureza, temos um simpático personagem politicamente correto.

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Figura 8 - O Pererê um Saci politicamente correto em histórias com temáticas ecológicas

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Outros destaques com propostas diferentes são A turma da Mônica de Maurício de Souza, a Radical Chic de Miguel de Paiva e o “humor boca do lixo”, de Angeli, com os Skrotinhos, Rê Bordosa entre outros personagens que refletem o contundente humor da escola paulista de HQ.

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Figura 9 –Bidu, um dos personagens da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa

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Figura 10 – A Radical Chic de Miguel de Paiva, figura feminina sofisticada das HQ nacionais

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3 QUADRINHOS E EDUCAÇÃO

As HQ, como já foi dito em capítulos anteriores, tiveram uma mudança de prestígio perante a sociedade, um dos indícios dessa nova postura é a apropriação deste meio de comunicação pelas escolas. No passado as HQ eram vistas como nocivas ao processo educativo e responsáveis pela “preguiça mental” de alguns alunos. Anselmo parte deste preconceito para elaborar sua Tese de Doutorado em psicologia, que segundo Rosa é até hoje a única pesquisa sobre a relação entre aproveitamento escolar e leitura de gibis no Brasil a utilizar métodos científicos de levantamento de dados. Porém Anselmo verificou que ao contrário do que se pensava, a leitura das HQ além de não influir no rendimento escolar, estimula a criatividade. O preconceito que havia com o passar do tempo foi superado, e os educadores passaram a se apropriar dos quadrinhos no trabalho com os conteúdos didáticos devido ao poder que estes materiais têm sobre a atenção dos alunos. Rosa descreve algumas experiências bem sucedidas de utilização das HQ na educação, como por exemplo, a escola Recanto Infantil no Recife que confeccionou em parceria com o escultor e desenhista Cavani Rosas uma história sobre o Curupira para dar início à um debate sobre a questão ecológica. Outro exemplo é a Escola-Parque da Quadra 304 no Norte de Brasília que montou uma oficina de quadrinhos idealizada pela professora Irone Queiroz, de artes plásticas, que declarou que além de despertar o interesse pela leitura o trabalho com quadrinhos propicia uma integração de diversas disciplinas. Preconceitos ainda existem, mas de acordo com Moya é preciso a consciência que “não é a literatura em quadrinhos que faz mal a infância, é toda e qualquer leitura mal

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orientada [...] não é preciso suprimir a literatura em quadrinhos nem condená-la, mas apenas depurá-la dos elementos nocivos.” (MOYA 4 apud CUSTÒDIO, 1999) Tais exemplos revelam como as HQ podem ser úteis na Educação embora algumas pessoas da própria área dos quadrinhos discordem desta apropriação, como Ziraldo, por exemplo, que enfatiza que as histórias são apenas fonte de diversão e prazer e que não vê sentido na aplicação destes materiais como recursos didáticos. Outros estudiosos como Vergueiro e Cirne, por outro lado, acreditam que o papel da escola é fazer uma leitura crítica dos quadrinhos, ou seja, trabalhar o quadrinho como literatura e levar o aluno a perceber as mensagens e discursos que se ocultam nas entrelinhas. A partir da leitura das HQ os questionamentos são trazidos ao debate em sala de aula o que resulta em um processo de aprendizado dinâmico e prazeroso para professores e alunos, além de estimular a interdisciplinaridade. É preciso, porém, ter cuidado no momento da apropriação dos quadrinhos pela Educação. Muitos livros didáticos incorporam essa linguagem sem qualquer adaptação, isto é, colocam os mesmos discursos e textos que utilizaram em edições anteriores em quadrinhos, sem preocupação com os aspectos da linguagem e dinâmica quadrinística e assim não atingem o objetivo de atrair a atenção dos estudantes. Os equívocos podem se entender ainda mais na sala de aula se os professores não estiverem preparados para trabalhar com a linguagem dos quadrinhos, é preciso pesquisar e se reciclar com cursos especializados para aproveitar todo o potencial educativo das HQ. O especialista Flávio Calazans, por exemplo, oferece um curso de “histórias em quadrinhos como recurso didático” para professores interessados no emprego da HQ como recurso auxiliar de aprendizagem. Segundo Calazans as HQ oferecem diversas possibilidades de trabalho para os educadores de todas as áreas. As revistas de super-heróis permitem que os professores façam abordagens de algumas teorias científicas como mutações genéticas e estrutura atômica. Também são abordados temas de política e geografia, que envolvem citações de literatura teatro e artes. Custódio também traz exemplos de um quadrinho que pode ser trabalhado nas disciplinas escolares de arte e literatura (1999 p.68):

4 Moya, Alvaro de. Shazam.2.ed.. São Paulo, SP : 1977.

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Em Sandman – Estação das Brumas, Lúcifer lembra Caim que ‘antes reinar no inferno que servir ao Céu’. A frase é atribuída a Lúcifer, mas este imediatamente diz : ‘Eu nunca disse isso. Milton disse.’ Ele se refere a John Milton, autor de Paraíso Perdido (...). A referida minissérie Sandman traz um resumo no início de capítulo, como nos libretos de ópera ou teatro, para cada ato. Exatamente como em Paraíso Perdido.

Não se quer dizer que se deva substituir livros pelas HQ, num suposto conflito, mas ver a HQ como um meio pedagógico para despertar o interesse pela leitura (MOLINA apud CUSTÓDIO) 5 , porém é preciso cuidado para não utilizar este material apenas como primeiro passo para chegar nos livros, mas encara-lo como literatura capaz de veicular de forma dinâmica o processo pedagógico. Outro método interessante é a confecção de quadrinhos para passar os conteúdos que estão envolvidos no processo de criação, conforme vimos em exemplos anteriores que leva o aluno à ‘descoberta’ de outro universo – a biblioteca, para colher informações. No capítulo seguinte será tratada a questão das HQ nas bibliotecas, que a exemplo da escola podem utilizar os quadrinhos como uma forma dinâmica de integração com o seu público.

5

Molina, Ana Heloísa. Histórias em quadrinhos : explorando novas estratégias no ensino de história de 1º grau (texto)

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4 QUADRINHOS E BIBLIOTECONOMIA

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Figura 11 – Biblioteca do Sonhar, por Neil Gaiman No quadrinho acima, Neil Gaiman, criador de Sandman, destaca a importância do profissional bibliotecário para o desenvolvimento da humanidade - as HQ reconhecem o potencial transformador do bibliotecário junto a sociedade, basta os mesmos se reconhecerem como tal e darem a devida importância às histórias em quadrinhos. Verificou-se nas visitas técnicas e no discurso dos teóricos 6 que as HQ sofrem uma série de preconceitos. Levanta-se a hipótese de que os quadrinhos representam uma literatura menor, descartável e incapaz de portar informações relevantes nos seus argumentos. Essa atitude, é reflexo de uma postura muito antiga da sociedade que aos poucos se transformou;

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Waldomiro Vergueiro, Flávio Calazans, Moacy Cirne.

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de histórias malditas sempre escondidas debaixo dos colchões de crianças e adolescentes para alvo de estudos nas Universidades, as HQ com tempo atingiram o status merecido. Apesar de grande aceitação, nas ultimas décadas os quadrinhos foram alvo de ataques também no Brasil. Em 1951, Carlos Lacerda (LACERDA apud JUNIOR, 2004) dizia entre muitas outras coisas que:

A idéia dessas revistas é que o crime seja uma condição normal de vida. Há a idéia de que a vida passa num plano superior a todas as contingências humanas e, ao mesmo tempo, ignorante de todas as onipotências divinas – pois Deus só pode ser compreendido pelo homem no plano estritamente humano. Deus não admite superhomens, supermacacos nem super-Robertos Marinhos. Portanto, não se supera o plano do humano para atingir o divino. É claro que esses superhomens, esses supercamundongos, esses superbandidos, essas supermulheres de coxas superlativas, essa mitologia truncada e monstruosa das historias em quadrinhos vendem milhões neste país. É claro também que não se fica no plano estritamente humano em que as histórias para crianças se desenvolvem e contribuem para seu próprio desenvolvimento.

Com base no preconceito do aspecto alienante dos quadrinhos Zilda Anselmo (1975) realiza diversas pesquisas entre leitores jovens e identificou os efeitos dessa leitura. O estudo realizado desmistifica os preconceitos ao revelar que a leitura de quadrinhos não influencia no desempenho escolar e que jovens e crianças que estão em contato com as histórias em quadrinhos tendem a desenvolver o hábito da leitura. Os quadrinhos fascinam adultos e crianças isso é um fato que estimula o uso dos quadrinhos no processo educativo, mas estudiosos como Moacy Cirne (CIRNE apud ROSA, 1991) alertam que “o educador ou mesmo os pais devem estimular na criança uma leitura critica dos quadrinhos”. Já Vergueiro (VERGUEIRO apud ROSA, (1991)) destaca que é preciso cuidado “para não ser descaracterizado o aspecto lúdico das histórias”. Se a linguagem for distorcida não haverá integração do texto com a imagem e a comunicação não cumprirá seus objetivos. Um objeto de tamanha complexidade não deve ser colocado em segundo plano. Após ter passado por sua fase “negra” a história em quadrinho se apresenta como uma alternativa positiva não apenas como entretenimento. No meio educacional esse instrumento é cada vez mais utilizado por professores de todas as áreas, como visto no capítulo anterior, o que implica na inclusão deste material no acervo das bibliotecas. Segundo Vergueiro (2005) a

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inclusão desse material nos acervos passa a ser um desafio para os profissionais da informação que não sabem como trabalhar com esse instrumento. Como tratar as histórias em quadrinhos? Não é uma dúvida técnica e sim prática, pois os profissionais não sabem como dinamizar as coleções de quadrinhos, e deixam em um canto um material rico com muitas possibilidades de exploração. É importante falar dessa “apropriação” dos quadrinhos pelos educadores, pois em oposição há um relativo despreparo dos profissionais da informação. O fato é que muitos educadores também têm dificuldade para trabalhar os quadrinhos. Usar este instrumento de modo aleatório não traz bons frutos, é preciso fazer uma leitura crítica dos quadrinhos. Então transparece a necessidade do profissional da informação se familiarizar com esse instrumento e de conhecer os usuários deste tipo de acervo, de modo a elaborar um projeto que possibilite a dinamização das coleções de histórias em quadrinhos. Pode-se levantar a hipótese de que a resistência dos bibliotecários às histórias em quadrinhos e aos demais meios de comunicação de massa foi um reflexo da resistência da própria sociedade em relação a eles, que diminuiu à medida que todos esses meios passaram a ser vistos com outros olhos, como destacado por Vergueiro (2005). Apesar da transformação da visão que se tinha dos quadrinhos muitos bibliotecários ainda carregam os antigos preconceitos disseminados pelo psicólogo Frederick Wertham (1954): e consideram os quadrinhos como materiais sem relevância intelectual. O que estes profissionais não sabem é que existem estudos sérios sobre este material, e que o conteúdo dos quadrinhos assim como as sociedades mudaram e, portanto falta uma outra mudança: a dos profissionais a quem foi atribuída a responsabilidade de organizar e dinamizar aqueles acervos. Uma típica demonstração de que o preconceito ainda existe no meio bibliotecário é utilizar os quadrinhos como mero atrativo de leitores para a leitura de livros, estes sim um material sério. Na pesquisa de Anselmo (1975) é destacado o fato de que crianças que lêem quadrinhos se tornam futuras consumidoras de livros, mas isso não significa que a leitura dos quadrinhos é apenas uma primeira etapa, pois existem argumentos de quadrinhos tão bons ou até melhores do que muitos livros – mais importante do que o suporte é o conteúdo. Este é um fato que os bibliotecários deveriam se lembrar, não somos “guardadores” de livros, e sim disseminadores de informação independente do suporte em que ela se encontre.

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“... quem não valoriza bibliotecários, não valoriza idéias.. E, sem elas...” (Gaiman, ver figura 11). Pode-se dizer que sem as idéias as sociedades estagnam, envelhecem e morrem sem deixar vestígios ou frutos que representarão as sociedades do porvir. A biblioteconomia é uma área, que tem um papel decisivo nas transformações sociais, ou pelo menos deveria ter. Nas bibliotecas, pesquisadores encontram as informações que se transformarão no conhecimento personificado nas inovações, no conforto, na saúde, enfim em uma vida melhor para todos; o cidadão ao fascinante mundo das idéias, através de discursos diferentes e da beleza das palavras. Sendo as HQ um instrumento fascinante e rico em informações que agrada ao grande público, verifica-se a validade do trabalho realizado nas chamadas gibitecas. No capítulo posterior será tratada a questão das gibitecas, e relatadas as observações feitas nas visitas técnicas realizadas em bibliotecas populares, com o objetivo de mostrar como é a prática biblioteconômica nas gibitecas de instituições que trabalham junto às camadas populares da sociedade.

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4. GIBITECAS

O sucesso dos quadrinhos foi tanto que conforme vimos, com o passar dos anos, se constituíram espaços chamados gibitecas, um silogismo para o acervo de histórias em quadrinhos. As iniciativas das gibitecas têm dois perfis: algumas são criadas por colecionadores e aficionados dos quadrinhos e oferecem diversas atividades, são dinâmicas e criativas, mas não possuem os conhecimentos biblioteconômicos necessários para uma recuperação eficiente da informação, ou seja, o aproveitamento das coleções de quadrinhos não é proporcional ao empenho dos organizadores das gibitecas. Por outro lado, os acervos sob a administração dos bibliotecários pecam geralmente pela falta de dinamismo e entusiasmo. Na verdade, muitas vezes nem o trabalho que tornaria a recuperação da informação eficiente é realizado, pois muitos profissionais não julgam este material digno de sua atenção, e acabam por formar acervos de estoque. Comumente as revistas em quadrinhos não têm verba destinada para sua aquisição, e os materiais porventura doados não recebem qualquer tratamento, ou atenção. São colocados em cestos ou cantos com títulos e temáticas misturados. É claro que isto não é uma regra, existem profissionais bibliotecários que dinamizam este tipo de acervo com obtenção de resultados relevantes. É o caso, por exemplo, das gibitecas de Curitiba, a gibiteca Henfil em São Paulo, e o serviço de gibiteca oferecido na Biblioteca Popular de Olaria e Ramos, no Rio de Janeiro. A gibiteca de Curitiba tem o mérito do pioneirismo, criada em 1982 foi a primeira iniciativa de um acervo de histórias em quadrinhos no âmbito mundial, conforme Calazans. Os quadrinhos são vistos por alguns profissionais da informação como materiais de

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menor importância, e por isso não são privilegiados em suas ações cotidianas. Além da questão do preconceito, a dinamização das coleções é deficiente, pois esta ação de dinamização de acervos é pouco usual ainda, até mesmo com os materiais considerados importantes, como os livros. Esse é um problema da biblioteconomia que será analisado em capítulo posterior. Porém, como já foi dito existem bibliotecas que embora não possuam acervo constituído exclusivamente por HQ, possuem estes materiais e oferecem a gibiteca como um serviço especial. Algumas Bibliotecas Populares da cidade do Rio de Janeiro, segundo a Bibliotecas da Cunha/FBN 7 , supostamente oferecem este serviço para a comunidade. Mas conforme verificado através de telefonemas e visitas técnicas, bibliotecas que dizem oferecer este serviço menos da metade de fato possui; e das que ainda se intitulam possuidoras do serviço de gibitecas, exceto Olaria, trabalham as HQ como estoque sem dar tratamento técnico e dinamizar essas coleções. A seguir serão expostas as observações feitas em visitas técnicas a três dessas instituições, situadas respectivamente em Bangu, Campo Grande e Olaria/Ramos, com relação ao tratamento dado aos acervos de quadrinhos para a realização de um trabalho social junto à comunidade.

4.1 BIBLIOTECA POPULAR DE BANGU

O primeira visita foi feita na Biblioteca Popular de Bangu (BPB), situada na Rua Silva Cardoso 349, Rio de Janeiro. Sob o meu olhar leitor ao chegar na biblioteca indaguei a respeito da gibiteca mas a funcionária que me atendeu respondeu que há muitos anos não havia mais gibiteca, restando apenas umas poucas revistinhas. Fui verificar era realmente lastimável. A gibiteca acabou e o que restou foram menos de dez gibis. Assim, leitor olha e encontra um Paulo Coelho em

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Em Anexo, a listagem das Bibliotecas Populares do Rio de Janeiro oferecido no site da Biblioteca Euclides da Cunha/FBN onde se pode verificar a localização e quais os serviços oferecidos por cada biblioteca. A maioria das bibliotecas populares se encontra em regiões periféricas, com raras exceções. Mas Olaria, por exemplo, faz parte das regiões periféricas e oferece um tipo de serviço que se observa em bibliotecas com outro perfil e outra localização.

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quadrinhos, um Wolverine algumas histórias da Turma da Mônica, fica frustrado e vai embora. Sob o meu olhar pesquisador reflito, acabou...Mas por quê? Esta é a grande questão encaminhada para a bibliotecária, que explica que o problema foi a falta de espaço. De fato, BPB funciona em um espaço mínimo e, segundo a bibliotecária após obras, o espaço ficou mais reduzido e a gibiteca acabou e não voltou. O espaço é pequeno e a prioridade é dada aos livros. Mesmo na época em que a gibiteca funcionava, o grande foco era os livros. A bibliotecária de Bangu viveu o momento da gibiteca e acredita que os quadrinhos tenham valor, mas ao defender a importância dos quadrinhos, utiliza um preconceito: “Utilização das histórias em quadrinhos como chamariz para a leitura de livros, classificados como uma espécie de concessão dos profissionais do livro (os bibliotecários) a uma leitura menos nobre (os gibis)” (Vergueiro,). A bibliotecária diz que a gibiteca seria uma motivação para que os ‘jovens’ lessem, por apresentarem muitas figuras, texto rápido e divertido; os quadrinhos fariam com que eles sentissem prazer na leitura e aos poucos passassem para os livros. Mesmo na época da gibiteca não havia uma ação biblioteconômica no sentido da dinamização dos acervos, informa. O que não acontece com os livros, pois existem ciclos de contagem de histórias, com os responsáveis pela leitura dando vida e magia aos personagens, além de oficinas de teatro que utilizam obras da biblioteca como referência, e alguns cursos como esperanto e capoeira, cujos professores indicam os livros da área que constam no acervo da biblioteca. A biblioteca não é modelo em vários aspectos, ao contrário, (mas isto é outra história...), mas, conforme dito, apresenta algumas iniciativas interessantes para dinamizar o acervo de livros. E por que tais iniciativas não se aplicavam aos quadrinhos? Eles não eram considerados acervo, e sim “isca” para o acervo, apenas HQ independente da mensagem e da qualidade de seus argumentos, todos postos no mesmo nível, como visto também em Campo Grande. Quadrinho adulto, graphic novels, gibis, álbuns e edições encadernadas, fanzines, mangás, todo esse material junto sem nenhuma diferenciação ou qualquer atividade que encante o leitor. (Aliás, além do desconhecimento com relação ao mercado editorial dos quadrinhos, as bibliotecárias, nos dois casos, ignorara-se as diferenças entre eles e mesmo a

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existência do leitor de quadrinhos) Como atender a demanda de um público que se desconhece, e mais, como criar uma gibiteca ignorando tais fatos? A gibiteca de Bangu ao ignorar estes elementos certamente estava fadada a extinção, mesmo que sobrasse espaço, como em Campo Grande, que também não apresentou qualquer iniciativa, como compreendido na visita técnica feita, conforme veremos a seguir.

4.2 BIBLIOTECA POPULAR DE CAMPO GRANDE

A segunda visita técnica foi feita na Biblioteca Popular de Campo Grande (BPCG), situada na Praça Telmo Gonçalves Maia sem numero, no Rio de janeiro. As respostas foram concedidas pela secretária da biblioteca que, no momento da entrevista foi apresentada pelos funcionários como a bibliotecária, devido a ausência da responsável no dia da entrevista. Sob o meu olhar leitor o primeiro problema é com relação à localização do espaço da biblioteca. Leitores menos pacientes e/ou que deparem com pessoas que não saibam ou que não estejam dispostas a informar, sequer chegam à biblioteca. Nos fundos da Região Administrativa de Campo Grande, uma pequena porta na qual você se depara com dois cartazes um bem grande escrito “XEROX” e outro, bem pequeno, escrito biblioteca com uma seta apontando as escadas. No final da escadaria um corredor com várias salas. Todas da biblioteca? Não, apenas uma, sem nenhuma sinalização, é o espaço no qual se localiza a biblioteca.Ou seja, se não houver ninguém no corredor, ou você desiste, ou bate de porta em porta. Ao chegar na biblioteca o que temos é um espaço dividido em duas seções: a de leitura e pesquisa e a seção “infantil”. As HQ se encontram na seção infantil o que revela o primeiro preconceito: “Histórias em quadrinhos é coisa de criança”. A seção infantil tem um espaço privilegiado: além de livros “infantis” convencionais, possui livros de pano, bonecos, fantoches, dois televisores com vídeo-cassete etc, tudo com uma arrumação atrativa e muitas cores. Mas as HQ... A gibiteca listada como um dos serviços prestados pela BPCG constitui-se em dois cestos colocados embaixo de uma mesa. O leitor se depara com diversas HQ misturadas, sendo predominante as histórias da DC Comics ( X-Men e seus heróis), e Mauricio de Souza (Mônica, Cebolinha, etc) e algumas

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publicações sobre mangás.

As obras não recebem nenhum tratamento, nem se observa

qualquer cuidado com a preservação destes materiais. O leitor adulto é visto com estranheza ao procurar este tipo de material. No momento da busca uma das funcionárias indagou: “Estão pesquisando o que na área infantil?” Quando mostramos os quadrinhos, a expressão mista de espanto e desdém foi difícil de esconder, tanto que a funcionária saiu sem falar nada balançando a cabeça. Este episódio revela preconceitos, alguns listados por Vergueiro (fev. 2003):“ Os quadrinhos são destinados apenas para o uso de categorias específicas de usuários, como crianças ou estudantes [...] alguns funcionários assumem até mesmo uma atitude desdenhosa quando algum adulto se interessa por revistas em quadrinhos” O leitor que busca este tipo de material se sente constrangido e não cria vinculo de afeto com a biblioteca, ao contrário, se afasta. “Eles [os quadrinhos] não são incorporados de forma definitiva aos acervos sendo encarados como material totalmente descartável, não merecedor de qualquer iniciativa visando a sua preservação e conservação”(Vergueiro, fev. 2003) Se o leitor busca um quadrinho específico, perde tempo ao efetuar a busca e encontra o material muitas vezes danificado. Conclui então que o serviço de gibiteca listado, na verdade, não existe. O leitor de quadrinhos se sente no mínimo frustrado com a situação, não se sente à vontade no ambiente, vê o seu interesse tratado com descaso e, na maioria das vezes, não encontra o que busca pela desorganização, pela má localização (embaixo da mesa) e pela ausência de uma diversidade de títulos. Sob o meu olhar pesquisador baseando-se nas observações, algumas questões chaves surgiram para serem encaminhadas a bibliotecária.

A primeira frase da responsável

confirmou o que já tinha sido visto: “Gibiteca? Não temos gibiteca”. Ao saber que na listagem dos serviços oferecidos pelas bibliotecas populares disponível no site da Biblioteca Euclides da Cunha/FBN constava que a gibiteca era uma dos serviços oferecidos pela BPCG a secretária estranhou e disse que estava há cinco anos no espaço e nunca ouviu falar em gibiteca, se existiu acabou faz muitos anos.

Não existe gibiteca, mas existem algumas

histórias em quadrinhos que segundo ela são fruto de doações, a Prefeitura não destina a verba das aquisições para a compra deste material, que não recebe qualquer tratamento, se estragam, vão para o lixo, e nenhuma atividade é feita com histórias em quadrinhos. A partir desta conversa podemos verificar mais dois preconceitos listados por Vergueiro (FEV. 2003)

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Os quadrinhos enfrentam total despreocupação com o estabelecimento de critérios para a sua seleção, todos os produtos quadrinísticos sendo considerados essencialmente iguais entre si pelos bibliotecários e são objeto de excessivas restrições financeiras para a sua aquisição em base regular a eles não se destinado qualquer verba e sendo considerados como alternativa para o acervo apenas quando oferecidos em doação.

Assim como em Bangu a bibliotecária após esta conversa se deteve a maior parte do tempo discorrendo sobre as atividades desenvolvidas pela biblioteca com ênfase no processamento técnico, seleção e aquisição de livro e etc. Tudo interessante, mas fora do foco da pesquisa, como se os quadrinhos fossem um detalhe da entrevista e não o foco da pesquisa e embora tentasse retomar à questão a secretária reafirmava não feito trabalho algum com esses acervos e continuava a explanação sobre a rotina da biblioteca. As visitas, a principio deveriam ser feitas nestas duas instituições, mas na primeira visita, realizada em Bangu, a bibliotecária informou que o interesse era pelo serviço de gibitecas deveria visitar a biblioteca e Olaria/Ramos, cuja bibliotecária era engajada no trabalho com HQ. Então foi realizada outra visita desta vez com resultados bem diferentes como veremos a seguir.

4.3 BIBLIOTECA POPULAR DE OLARIA E RAMOS

A Biblioteca Popular de Olaria e Ramos (BPOR) se localiza na Rua Uranos 1230, em Olaria, Rio de Janeiro sob a responsabilidade da bibliotecária Regina Helena do Amaral Gagllianoni. Sob o meu olhar leitor verifiquei ao entrar na Biblioteca Popular de Olaria e Ramos e solicitar o serviço de gibiteca o leitor tem uma grata surpresa, o serviço existe. O funcionário nos mostra o local no qual podemos encontrar as coleções que recebem tratamento técnico e possuem registro, ou seja, quando solicitamos uma determinada obra é possível verificar se ele consta no acervo pela consulta nos registros. A coleção de quadrinhos fica distribuída de forma diferente dos livros e dos outros periódicos em compartimentos nos quais é possível ao leitor visualizar a capa da obra tal como acontece nas bancas de jornal. E não só encontramos quadrinhos cujo público

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consumidor é em sua maioria infantil, também encontramos quadrinhos adultos em seção separada, cuidadosamente guardados: se o leitor manifesta interesse por esse tipo de material, os funcionários indicam o local em que se encontram. O leitor de quadrinhos sente-se satisfeito por verificar que existe um tratamento diferenciado para o alvo de seu interesse e encontra alguns títulos de qualidade ímpar, como uma edição especial do Sandman a respeito de Lúcifer. E se o interesse do leitor for grande, ele será informado dos projetos da biblioteca para as revistas em quadrinhos. Como pesquisadora foi possível conhecer as minúcias do trabalho em uma conversa com a bibliotecária na qual verificamos uma postura diferente dos outros profissionais das bibliotecas populares visitadas, vejamos o porquê desta diferença, adiante. Conforme a bibliotecária, o projeto das gibitecas em bibliotecas populares surgiu na BPOR em 1985, pois ao analisar as estatísticas mensais a bibliotecária verificou que o empréstimo na seção infantil era pequeno, cerca de 30 títulos, em relação ao total da biblioteca. A seção infantil era vazia, quase sem freqüência, e isso era um problema que tinha que ser resolvido, mas como? Regina Gagllianoni observou que HQ eram um material consumido com interesse pelas crianças e adolescentes, e por adultos também, então resolveu fazer um estudo que, ao confirmar suas observações, resultou no projeto da Gibiteca Leitura Prazer. O objetivo inicial deste projeto era incentivar a leitura na seção infantil, mas ao contrário do que foi verificado em Bangu isso não queria dizer que as HQ seriam um passo inicial para se chegar aos livros, e sim que estes materiais representariam o real interesse do seu público-alvo e por isso deveriam ser oferecidos, havendo espaço para o desejo de leitura de ambos os materiais. Os quadrinhos em nenhum momento foram considerados uma subliteratura, e sim a literatura que o seu usuário buscava. Porém o projeto não teve o apoio da Prefeitura, foi uma iniciativa particular da bibliotecária que, mesmo sabendo que as verbas só poderiam ser destinadas aos livros, não desistiu. A princípio, foi enviado um ofício às editoras que publicam as HQ. Neste oficio foi relatado o projeto e feito um pedido de doações, porém nenhum dos ofícios foi respondido, e a criatividade mais uma vez trouxe frutos. A responsável recorreu à própria comunidade para resolver o problema da falta de material para a construção do acervo, e criou uma espécie de clube de sócios da gibiteca: para se tornar membro, o leitor deveria doar no mínimo dois gibis.

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A bibliotecária divulgou o projeto para a comunidade através de outra atitude ainda pouco comum na biblioteconomia, o Marketing bibliotecário. Foi realizado um evento no qual toda a comunidade foi chamada com direito a banda de música e outros aparatos para a inauguração do espaço. Foi um sucesso, a comunidade participou e se mostrou satisfeita, as doações por pessoa foram de muitos exemplares e não apenas de dois como solicitado, adultos e crianças se envolveram, fizeram doações e felicitaram a iniciativa. O projeto superou as expectativas de 30 exemplares emprestados a seção infantil passou a contabilizar 700 exemplares na estatística da biblioteca. Com o sucesso do projeto a Prefeitura resolveu reconhecer a validade de se oferecer um serviço de gibitecas nas bibliotecas populares e solicitou a implantação de gibitecas em todas as bibliotecas populares (podemos, assim, concluir que um dos motivos do projeto da gibiteca não funcionar em outras bibliotecas populares se deve ao fato de ter sido algo imposto, ou seja, deu certo todos terão que fazer). O fato é que o projeto funcionou devido a atitude da bibliotecária e não por se ter uma coleção de revistas em quadrinhos, que se não obtiver o tratamento adequado não irá funcionar, assim como acontece com os livros. O problema é a falta de atitude guerrilheira na prática biblioteconômica, não basta fazer o processamento técnico e deixar em um canto, é preciso dizer que o material existe e que é interessante, fazer a propaganda dos serviços que são oferecidos e dar algo mais ao leitor, pois é isso que ele busca. A atividade não deve parar, é imprescindível que projetos novos complementem os antigos e busquem coisas novas para prender a atenção do usuário. Em Olaria, o projeto não parou quando obteve o aumento na freqüência da seção infantil, ele se entendeu e buscou um meio da comunidade participar ainda mais com a confecção de histórias em quadrinhos, em uma parceria da biblioteca com as escolas públicas da comunidade. Foi criado um concurso no qual os melhores desenhos fariam parte de uma história em quadrinhos. A biblioteca periodicamente lança um tema, os estudantes participam voluntariamente na confecção de desenhos e textos, com a ajuda dos professores de educação artística, de língua portuguesa e de outras disciplinas que estiverem envolvidas na temática a ser abordada, com isso a biblioteca se integra ao processo pedagógico e participa de uma proposta de aprendizado interdisciplinar. Os alunos aprendem com prazer, os professores trabalham os conteúdos do programa e a biblioteca cumpre o seu papel social.

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O colégio selecionado tem sua história publicada com direito a uma festa para a “tarde de autógrafos” dos alunos/autores. Este projeto também é um sucesso e quando lançado não teve o apoio da Prefeitura, sendo financiado por doações da fábrica de papel Tamura, com os papéis, e do Clube Rotary com a impressão do material. Depois que deu certo o projeto passou a ter apoio oficial e financiamento para as impressões, informa a bibliotecária. Os projetos continuam e a bibliotecária levou a gibiteca para municípios como Mendes, por exemplo, e para a biblioteca da escola João Luiz Alves que funciona dentro de um presídio. Existe também a idéia já aprovada de se construir uma grande Gibiteca, como a Gibiteca Henfil, em São Paulo, provavelmente dentro da “Cidade das crianças”, projeto este que teve seu andamento paralisado em virtude da realização dos jogos Pan-Americanos de 2007, e que tem previsão de ser retomado com o final deste evento. Na BPOR há um projeto de dinamização de coleções de HQ de alto nível que só não é maior devido a falta de verbas, quando surge um financiamento as coisas se expandem ainda mais, diz Regina Gagllianoni. Mas o que a BPOR tem que as outras não têm? A questão está voltada para a postura de seus profissionais, creio eu. No capítulo seguinte será analisada a postura do profissional bibliotecário diante das comunidades, principalmente dentro de regiões periféricas, a partir de uma discussão acerca do papel social do bibliotecário.

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6 A AÇÃO BIBLIOTECONOMICA NAS GIBITECAS

Milanesi (1986) nos mostra o triste quadro que perdura até hoje nas bibliotecas públicas e a grande ausência dos bibliotecários na construção de um ambiente atrativo de potencial transformador das mentalidades. Em um mesmo espaço em que discursos opostos convivem, é um terreno riquíssimo para a construção do senso crítico dos leitores, que irá se refletir nas suas posturas diante da sociedade. A obra de Milanesi nos leva a refletir, afinal as bibliotecas populares têm qual objetivo?

Foram construídas para atender aos interesses de quem?

As gibitecas se

apresentam como uma possibilidade de ponte para o potencial questionador dos leitores, portanto devem ir muitos além do que trabalhar os quadrinhos apenas como estoque, e oferecer um acervo com grande diversidade de títulos da “arte seqüencial”, não apenas para crianças. Milanesi propõe reflexão e inovação e estas são as chaves para uma biblioteconomia educadora. Conforme Freire ( educar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação e o individuo tem a chave para se libertar dos grilhões de sua cegueira e não ser oprimido, nem se transformar em opressor, apenas um agente transformador da realidade. O bibliotecário pode exercer um papel de educador também, embora não se utilize das mesmas metodologias de um professor da educação formal. O trabalho das gibitecas também se insere neste contexto. As HQs são entretenimento e carregam uma diversidade de mensagens e discursos. O texto aliado às imagens facilita a leitura, a informação adquirida por meio de um instrumento que traga prazer auxilia na absorção da mensagem. Desta forma as histórias em quadrinhos são excelente instrumento no processo educativo, entendendo-se que educar não é apenas transmitir conhecimentos de

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português, matemática, etc. através de regras, e sim possibilitar as relações cognitivas e construção do conhecimento que as HQ oferecem sob prazer da leitura Então por que as gibitecas são postas de lado e as histórias em quadrinhos não são tratadas como merecem? Educar exige risco, e os bibliotecários parecem não querer se arriscar, parecem não querer inovar oferecendo algo além do suporte livro, e infelizmente muitos carregam preconceitos e acreditam que este material tão rico não passa de “inutilidade para distrair crianças”. Analisar o serviço oferecido pelas bibliotecas populares através do recorte da dinamização de coleções das gibitecas significou nesta pesquisa um passo para se refletir a respeito de qual a função do bibliotecário, servir a comunidade ou propagar a ignorância ao manter cada vez mais o abismo que separa as elites das outras camadas da sociedade, ajudando, assim essas elites a manterem-se no poder.

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7 PROPOSTAS DE DINAMIZAÇÃO DAS COLEÇÕES DE HQ

Para se ter um retorno junto ao usuário é necessário que o profissional da informação seja dinâmico e criativo, a dinamização das coleções representam a ação do bibliotecário que deseja exercer sua função social de transformar informação em conhecimento, ou seja fazer a diferença em benefício de toda a comunidade. Existem várias atividades que podem ser utilizadas neste trabalho com gibitecas. Em Olaria eles, como vimos confeccionam uma revista com a participação dos alunos da comunidade assim promovem a integração escola-biblioteca e estimulam o processo educativo com a união de professores de diversas áreas do conhecimento para a pesquisa necessária na coleta de informações. Os alunos participam e aprendem os conteúdos do programa de forma intensa com a participação da biblioteca não só como fonte dos materiais, mas como motivadora da atividade pedagógica e social.

Desta forma desmistifica-se a

imagem da biblioteca silenciosa e chata, na qual o aluno não se sente a vontade, ao contrário, é ele que deseja participar e ser autor e/ou desenhista. Além das atividades para a confecção da história em quadrinho, é feita a promoção de tarde de autógrafos para o lançamento da obra, evento este, com a participação de toda a comunidade. Assim, neste capítulo serão apresentadas algumas propostas de outras formas de dinamização de coleções. Para isto foram escolhidos dois títulos de quadrinho adulto e um autor - Milo Manara, famoso pelo desenho de suas mulheres. Devido a isso optou-se por não se trabalhar com um título específico de sua obra. Também Sandman, quadrinho de Neil Gaiman, que se tornou um cult da década de 1980; e Rê Bordosa de Angeli, com o contundente humor boca do lixo da escola paulista.

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7.1 MILO MANARA

http://img239.imageshack.us/img239/2007/untitled14bw1.jpg

Figura 12 - Imagem extraída da página principal do site de Milo Manara

As imagens de Manara falam por si mesmas, a impressão que se tem é que você pode tocar e sentir o contorno das formas femininas feitas por ele. Na figura acima, a face feminina pode ser interpretada de formas várias: seria a mão do próprio Manara dando acabamento à sua obra com toda riqueza de detalhes, ou uma mulher que oferece seu rosto para a maquiagem fazendo deste ato uma representação do desejo de sensualidade da alma feminina ( é o prazer de se fazer mais bela e desejável). Milo Manara é ilustrador de diversas revistas, 8 e é considerado o mestre dos quadrinhos eróticos italianos, ele opta por uma abordagem erótica e não pornográfica como é o caso de Guido Crepax , procura dar ênfase a sensualidade feminina com muito bom gosto, e as imagens mais picantes não se vulgarizam. Os quadrinhos ilustrados por Manara são aquisições interessantes para uma gibiteca, pois além da importância do autor na área dos quadrinhos, possibilita exposições chamativas pela beleza de seu traço, encantando a todos os públicos. Uma proposta seria uma exposição

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Podemos destacar Oclick a rendição do sexo, Sonhar Talvez, Viagem a Tulum (Parceria co m Frederico Felini), e as ilustrações de Desejo em Noites sem Fim de Neil Gaiman.

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intitulada “As mulheres de Manara 9 ”, com as diversas personagens que povoam cenários barrocos ou mitológicos e uma breve encenação de “Viagem a Tulum” um roteiro cinematográfico não filmado da autoria de Frederico Felini. A seguir temos a ilustração de um de seus modelos clássicos com seus contornos fortes, e expressão dominadora, note que a imagem representada dispensa outro tipo de texto além do visual, o indivíduo que observa esta imagem pode imediatamente apreender o aspecto dominador da sensualidade da figura, ao contrário da figura anterior que demonstra uma sensualidade mais lânguida, apesar de traços delicados traz em sua face um olhar pleno de significados e uma leve arrogância, e revela uma alma que ordena, e obedece quando lhe convém parecer que é obediente.

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Figura 13 - Modelo de Manara

Esses dois exemplos representam uma pequena parte do Universo das Mulheres de Manara, e que, segundo Gusman, é atualmente considerado o expoente máximo dos quadrinhos eróticos no mundo inteiro. A obra de Manara é pouco conhecida pelo público brasileiro, Gusman destaca que apesar de diversos trabalhos seus serem publicados aqui, eles foram voltados ao público das 9

É interessante que apesar de ser conhecido pelo desenho de suas mulheres Milo Manara não criou nenhum personagem feminino que se repetisse, a cada história ele criava uma heroína diferente, seu único personagem fixo é um homem.

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livrarias. A partir do trabalho com este acervo nas gibitecas seria dada ao público a chance de conhecer o expressionismo de Manara, além de ser apresentado a um artísta com um olhar delicadamente diferenciado do corpo feminino, trazendo um produto erótico e sobretudo artístico tanto que arranca elogios não só com relação a genitália, mas principalmente ele “é especialista em desenhar ‘caras e bocas’ femininos, passando a nítida impressão de estarmos vivendo a cena” (Gusman, 1991). Por exemplo, o conceituado Moebius 10 , disse que ninguém desenha cabelos femininos como Manara. Esses são exemplos da delicadeza e da proposta do autor , que não é apenas excitar (embora seja inevitável) o leitor, mas encanta-lo, transpondoo para um universo de sonhos através das expressões de suas personagens.

7.2 SANDMAN

Neil Gaiman elaborou sua nova versão do Sandman de Andersen, a partir das personificações antropomórficas de aspectos do universo, e como estas interferem no mundo das criaturas (sejam vivas ou mortas em qualquer plano dimensional de existência). Os “Perpétuos” são sete – Morte, Sonho, Desejo, Desespero, Delírio, Destruição e Destino. Por que utilizar o Sandman na dinamização de coleções em gibitecas? Os motivos são vários, excelente argumento e imagens fascinantes são qualidades inegáveis desta obra. Mas para fazer a defesa da presença desta obra chamarei dois dos “Perpétuos” que povoam a conturbada existência humana - Desejo e Desespero. Antes de discorrer sobre estes dois Perpétuos é importante lembrar que uma da coisas que atraem os seres humanos é o fenômeno da identificação, capaz de mobilizar as massas para os feitos mais belos e mais patéticos da nossa história. Foi assim com Hitler um austríaco moreno de baixa estatura que mobilizou a Alemanha com o discurso da raça ariana, as massas se identificaram tanto que esqueceram de avaliar as características do seu líder (que contradiziam o próprio discurso). Portanto um dos pontos da magia dos Perpétuos consiste na identificação dos seres humanos com cada reino. Quem de nós não esbarra diariamente com os resultados do reino

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Artista de destaque nos quadrinhos conhecido por obras como Os mundos fantásticos de Moebius

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de Destruição, são guerras, desastres, hecatombes... e o que diremos então do Sonhar , província na qual adentramos diariamente rompendo grilhões e nos deixando levar pelas imagens bizarras e/ou de puro deleite, e mesmo que pesadelos existam nós não tememos entrar neste reino, ao contrário. Voltemos aos gêmeos que abaixo se apresentam:

http://img160.imageshack.us/img160/1029/untitled16hx4.jpg Figura 14 - Desejo

http://img170.imageshack.us/img170/8913/untitled17ge7.jpg

Figura 15 - Desespero

Por que Gaiman traz a imagem de Desejo e Desespero como gêmeas? Este tema sem dúvida daria motivo para fascinantes reflexões e também uma exposição na qual as imagens de ambos os reinos se encontrariam e penetrariam umas nas outras. Com uma música densa e bem baixa, contadores de história fariam leituras dos episódios de Desejo e de Desespero em Noites sem fim, seguidas de outras histórias curtas que poderiam ser ou não adaptadas dos textos de Gaiman, com temáticas de desejo e desespero para que o usuário sinta o delicado fio que separa os dois reinos.

A partir deste ponto poderiam ser oferecidas palestras com

escritores e psicólogos e é claro a disponibilização dos quadrinhos de Gaiman e outros autores que trabalhem este tema. Os temas poderiam variar semanalmente, outra dica é a Morte – poderia ser feito um ciclo chamado, por exemplo, as imagens da Morte, com a Morte de Gaiman e outras imagens da “indesejada das gentes”, fundo musical suave e boas histórias. As imagens das histórias de

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Sandman e de suas capas 11 , principalmente, também valem material para a realização de um trabalho de histórias em quadrinhos como fonte de informação pela qualidade e beleza de seus traços.

7.3 RÊ BORDOSA

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Figura 16 - Rê Bordosa em seu habitat natural

Rê Bordosa , a junkie símbolo do escracho, caricatura de uma figura feminina que começou a surgir nos anos 80 nos grandes centros urbanos, Angeli a situa em São Paulo , mas quem não conheceu uma Rê Bordosa no Rio de janeiro, Paris ou Nova York. Rê Bordosa é uma tira humorística que, assim como os palhaços, se olharmos bem pode nos fazer refletir e até chorar. Da banheira para o bar, do bar para a banheira com algumas passagens por banheiros públicos geralmente masculinos. É a figura da mulher que ao buscar seu lugar ao sol na sociedade patriarcal se apropriou de ambientes e condutas típicas do universo masculino. Para se libertar de antigos grilhões ela cria outros, se a Rê Bordosa fosse um homem o poder de fazer as pessoas rirem que a tira tem talvez fosse menor.

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Figura 17 – Re Bordosa, questionamentos da alma feminina

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Em anexo capa de Sandman relativa a história Fachada, Drama de mutante que não consegue morrer e se esconde atrás de mascaras, a mensagem do argumento pode ter diversas interpretações.

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Ao se apropriar de valores e condutas masculinas ela se fere e sabe disso. Em uma das tiras Rê Bordosa (Ver figura 18) está em um banheiro de uso público (em uma festa talvez), se olha no espelho e vê os efeitos do tempo em seu rosto e corpo e entra em crise, ela sente o peso da existência e desmorona, as pessoas na fila reclamam, e o riso parte do fato da personagem se encontrar em um banheiro público. Mas existe lugar certo para se entrar em crise? E por se tratar de uma figura que se faz de “uso público”, não seria este o local mais apropriado? Afinal “o banheiro é o oratório de todo bêbado”.

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Figura 18 – Mostra de crise existencial de Rê Bordosa

Em outra tira (Ver figura 19), Rê Bordosa vai à um balcão de achados e perdidos e diz a recepcionista que perdeu sua auto-estima, sua moral e coisas do gênero, e a moça olha calmamente em uma listagem e diz que não tem nada do tipo na lista. Esse é o reflexo da sociedade cínica que trata os valores humanos com indiferença, e este é o mundo no qual Rê Bordosa habita, e contra o qual lutou ao seu modo até o dia em que Angeli resolveu matá-la (mas isso é outra história).

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Figura 19 – Perda dos valores humanos e crítica às posturas da sociedade

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Por que Rê Bordosa nas gibitecas? E o que fazer com ela? O humor é um ponto que atrai as pessoas, e através de uma pequena encenação do universo de Rê Bordosa, com a posterior apresentação da HQ on-line, “A morta-viva”, em um telão, seria fácil atrair o público, e posteriormente além de disponibilizar as tiras, criar alguns ciclos de discussão sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea, feminismo, sexualidade, alcoolismo, drogas e outros temas interessantes e polêmicos trabalhados por Angeli em seus argumentos. E quem sabe chamar o próprio Angeli para uma conversa com os leitores. (O problema é os usuários tentarem matar o autor por ele ter assassinado a Rê Bordosa...)

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Figura 20 - A morte de Rê Bordosa, publicada na revista Chiclete com Banana

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Demerval Saviani (1995) é um autor que traz elementos para a reflexão da prática biblioteconômica nas gibitecas que são interessantes para constar nessas considerações finais do presente trabalho. Biblioteca e Escola são instituições que trabalham o conhecimento e que na pós-modernidade estão se transformando. Na Educação existem duas correntes de pensamento a respeito deste assunto: I-A educação é um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade; II - A educação é um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização.(p.18) E isto serve para refletirmos a respeito da importância de utilizarmos todos os meios disponíveis a fim de possibilitar a construção de conhecimento com autonomia por parte dos sujeitos sociais. No estudo de campo verificou-se que nas bibliotecas populares, e pode-se arriscar que na maioria das bibliotecas de acesso ao grande público, a segunda teoria prevalece. Saviani ressalta que os professores (bibliotecários) devem se submeter a uma crítica sobre a prática que desenvolvem, eles promovem a superação da marginalidade ou fazem da educação um instrumento de marginalização? O autor diz que o educador “tem uma contribuição específica a dar em vista da democratização da sociedade brasileira, do atendimento aos interesses das camadas populares, da transformação estrutural da sociedade” (p.89). Mas para que isso aconteça o educador/bibliotecário tem que vincular sua prática com a prática social global. Deve-se refletir ao observar a realidade encontrada e escolher a posição que vai ser tomada, de acordo com as reflexões de Freire (1997), se de transformador social ou de subopressor. É válido para todos os cidadãos e para os profissionais que trabalham diretamente com a prática social, e apresenta um ponto de reflexão ao profissional recém-formado, a questão do lado que queremos nos posicionar nesta luta. Como o ponto de partida deste estudo são as histórias em quadrinhos seria apropriada a comparação de se vamos querer ser os super-

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heróis, sem super poder apenas bom senso e vontade de mudar, ou os terríveis vilões opressores que insistem em manter o quadro da marginalidade do conhecimento. Aos bibliotecários é mister lembrar que não basta disponibilizar a informação é necessário transformá-la em matéria viva e pulsante, em conhecimento se quisermos mudar e salvar, se não o mundo, mas a nossa pequena esfera de alcance, a nossa comunidade, o que é muito. E fazer o diferencial entre os profissionais que são de fato cidadãos e heróis de uma sociedade desacreditada e os que são os vilões propagadores da ignorância (conscientes ou não).

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OBRAS CITADAS

ANGELI FILHO, Arnaldo. Sobras completas 3 :Rê Bordosa : Vida e obra da porraloca. São Paulo: Devir/Jacarandá, 2001. ________Diabo no corpo: A vida e obra de uma porraloca. Chiclete com Banana Especial. São Paulo: Circo [1987] ________Banheira. Disponível em : hq.cosmo.com.br/textos/ hqcoisa/h0055_bienal.shtm

ANSELMO, Zilda Augusta. Histórias em Quadrinhos. Petrópolis, RJ: Vozes. 1975. CALAZANS, Flávio. História em quadrinhos na escola. São Paulo : Paulus. 2004. CIRNE, Moacy. A explosão criativa dos quadrinhos. Petrópolis, RJ: Vozes. 1974. CUSTÓDIO, José de Arimathéia Cordeiro. Educação? Este é um trabalho para o SuperHomem. Londrina : UEL. 1999. DORAN, Colen. Fachada. Sandman. N.20 jun.1991. São Paulo: Globo. Capa.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997. _______. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e terra, 1985.

GAIMAN, Neil. O Castelo. Sandman. São Paulo: Globo. N.58 ago. 1996. p.2.

________. Manara, o mago das páginas. Sandman. n .26 dez. 1991. São Paulo: Globo. [Sem paginação] IANNONE, Leila Rentroia;________, Roberto Antonio. O mundo das histórias em quadrinhos. São Paulo: Moderna, 1994.

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JUNIOR, Gonçalo. Guerra dos gibis : a formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-64. São Paulo : Companhia das Letras, 2004. LEITE, José. Manara: Erotismo, sim. E com muito bom gosto. Porrada!Special. São Paulo: Vidente.n.4 mai/jun. 1990.p.44-45. MACKEN, Dave. Desespero. Disponível em : http://www.sonhar.net. Acesso 03 de maio de 2005. MANARA, Milo. Disponível em: http://www.milomanara.it . Acesso 03 de maio de 2005. _________. Desejo. Disponível em : http://www.universohq.com/ quadrinhos/2003 /imagens/sandman _endless_03manara2.jpg Acesso em 6 de julho de 2005.

MILANESI, Luiz. Ordenar para desordenar. São Paulo: Brasiliense, 1986. PIMENTEL, Sidney Valadares. Feitiço contra o feiticeiro: histórias em quadrinhos e manifestação ideológica. CEGRAF UFG: Goiânia. 1989. ROSA, Carlos Mendes. Histórias em quadrinhos: o fascínio de crianças e adultos de todas as gerações. Nova Escola, v.6, n.47. p.24-28, Abr. 1991. SAVIANI, Demerval. Escola e democracia: teorias da educação. Campinas, SP: Autores Associados, 1995.. VERGUEIRO, Waldomiro. As gibitecas : Um espaço privilegiado para a leitura e difusão de histórias em quadrinhos no Brasil. Não está no gibi. Mar.2003. Disponível em : Acesso em: 25/09/2005. _______. Histórias em quadrinhos, bibliotecas e bibliotecários : Uma relação de amor e ódio. Não está no gibi. Fev. 2003. Disponível em : Acesso em: 22/09/2005. _______. O leitor de histórias em quadrinhos : Diversidades e idiossincrasias. Não está no gibi. Mai. 2003. Disponível em : Acesso em: 23/09/2005. _______. Os super-heróis dos quadrinhos e os profissionais da informação : Uma relação a ser explorada. Não está no gibi. Mar. 2004. Disponível em : Acesso em: 24/09/2005.

______. Histórias em quadrinhos e serviços de informação: um relacionamento em fase de definição . DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação – v.6, n .2. Abr/05 .Disponível em: http://www.dgz.org.br/abr05/Art_04.htm Acesso em :19/06/2005.

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OBRAS CONSULTADAS

ABREU, Estela dos Santos; TEIXEIRA, José Carlos Abreu.Apresentação de trabalhos monográficos de conclusão de curso. 7.ed.rev. Niterói, RJ : EDUFF, 2004. .87 p. ALMEIDA, Fernando Afonso de. Linguagem e humor: comicidade em Lês Frustés, de Claire Bretécher. Niterói, RJ: EDUFF. 1999. DEMO, Pedro. Conhecimento moderno: sobre ética e intervenção do conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes. 1997 ENCICLOPÈDIA ELETRÔNICA DE GIBIS. Acesso em: 25/04/2005.

Disponível

em:

GUSMAN, Sidney. Lugar de quadrinhos é no museu. WIZARD BRASIL. São Paulo: Globo, n.6, jan. 1997. p.48-51. ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2003. VERGUEIRO, Waldomiro. Arte Seqüencial : uma viagem visual originalmente publicado na revista Showmix. Disponível em :. Acesso em : 10 de junho de 2005. ________. O mercado produtor e consumidor de histórias em quadrinhos : Alguns subsídios para o trabalho do profissional da informação.Parte I. Não está no gibi. Abr. 2003. Disponível em : Acesso em: 21/09/2005. ________. O mercado produtor e consumidor de histórias em quadrinhos : Alguns subsídios para o trabalho do profissional da informação.Parte II. Não está no gibi. Mai. 2003. Disponível em : Acesso em: 22/09/2005

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ANEXOS

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ANEXO A - CAPA DE SANDMAN- Fonte : Ver Obras citadas

http://img291.imageshack.us/img291/6878/untitled23rx6.jpg

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ANEXO B – GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE SOBRE O CARNAVAL DE RAMOS - Fonte : Biblioteca Popular de Olaria e Ramos

http://img291.imageshack.us/img291/3867/untitled24ku3.jpg

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ANEXO C– GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE SOBRE O JUBILEU DE OURO-Fonte : Biblioteca Popular de Olaria e Ramos

http://img146.imageshack.us/img146/6113/untitled25cv1.jpg

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ANEXO D – GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE EM PARCERIA COM A BIBLIOTECA SOBRE PIXINGUINHA - Fonte : Biblioteca Popular de Olaria e Ramos

http://img87.imageshack.us/img87/9140/untitled26fc7.jpg

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ANEXO E – GIBI CONFECCIONADO PELA COMUNIDADE EM PARCERIA COM A BIBLIOTECA SOBRE O CLUBE ROTARY-Fonte: Biblioteca Popular de Olaria e Ramos

http://img174.imageshack.us/img174/1031/untitled27us9.jpg

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ANEXO G BIBLIOTECAS POPULARES DO RJ – Fonte : http://www.bn.br • BT POPULAR DE BANGU – CRUZ E SOUZA RUA SILVA CARDOSO,349 BANGU – 21.830-030 TEL./FAX: 3332 0675 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA 10H ÀS 16H – SÁBADO PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, GIBITECA, HORA DO CONTO, OFICINAS. • BT POPULAR DE BOTAFOGO – MACHADO DE ASSIS RUA FARANI, 53 BOTAFOGO – 22.231-020 TEL: 2551 2449 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA 10H ÁS 16H – SÁBADOS E DOMINGOS PRINCIPAIS ATIVIDADES: ENCONTROS PARA 3ª IDADE, OFICINAS, PÓLO JORNAL EM BIBLIOTECA. • BT POPULAR DE CPO. GRANDE – MANOEL INÁCIO DA SILVA ALVARENGA PÇA THELMO GONÇALVES MAIA, S/Nº CAMPO GRANDE – 23.070-160 TEL: 413 4856 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, GIBITECA, HORA DO CONTO, PÓLO JORNAL EM BIBLIOTECA. • BT POPULAR DE COPACABANA – CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE AV.N.S.COPACABANA, 817/10º COPACABANA – 22.050-000 TEL./FAX: 2255 0081 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: HORA DO CONTO, INTERNET, PALESTRAS. • BIBLIOTECA POPULAR DO DIQUE – JOSÉ LINS DO REGO RUA TALES DE CARVALHO S/N JARDIM AMÉRICA – 21.240-330 Tel.: 2475 5547 HORÁRIO: 10H ÀS 16H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: GIBITECA, HORA DO CONTO. • BIBLIIOTECA POPULAR DE DIVINÉIA – JOÃO CABRAL DE MELLO NETO RUA PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHECK ,5 PACIÊNCIA – 23.585-170 TEL.: 2409 5141 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – DE 2ª A 6ª FEIRA

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PRINCIPAIS ATIVIDADES: HORA DO CONTO. • BT POPULAR DO ENGENHO NOVO – AGRIPINO GRIECO RUA 24 DE MAIO, 1305 ENGENHO NOVO – 20.725-000 TEL: 2281 6447 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: BIBLIOCINE, GIBITECA, HORA DO CONTO. • BT POPULAR DA GAMBOA – JOSÉ BONIFÁCIO RUA PEDRO ERNESTO, 80 GAMBOA – 20.220-350 TEL: 2263 7832 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, INTERNET, HORA DO CONTO. • BT POPULAR DA GLÓRIA – PEDRO NAVA RUA DA GLÓRIA, 2214/2º GLÓRIA – 20.240-180 TEL: 2242 6790 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: EXPOSIÇÕES, GIBITECA, VÍDEO. • BT. POPULAR DO GRAJAÚ – CLARICE LISPECTOR RUA JOSÉ VICENTE, 55 GRAJAÚ – 20.540-330 TEL: 2577 1413 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: BIBLIOCINE, BRINQUEDOTECA, HORA DO CONTO. • BT POPULAR DA ILHA DO GOVERNADOR – EUCLIDES DA CUNHA PRAÇA DONAIDES, S/Nº COCOTÁ – 21.921-530 TEL: 3396 6025 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA 10H ÁS 17H – SÁBADO E DOMINGO PRINCIPAIS ATIVIDADES: HORA DO CONTO, INTERNET, OFICINAS, PÓLO DE JORNAL EM BIBLIOTECAS. • BT. POPULAR DO IRAJÁ – JOÃO DO RIO AV. MONSENHOR FÉLIX, 512 IRAJÁ – 21.235-111 TEL: 3351 4389 HORÁRIO 9H ÀS 17H – 2ª À 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: GAMES, GIBITECA, INTERNET, OFICINAS PARA 3ª IDADE, , PÓLO DE JORNAL EM BIBLIOTECAS. • BT POPULAR DE JACAREPAGUÁ – CECÍLIA MEIRELES

62

RUA DR. BERNARDINO, 218 PRAÇA SECA – 21.320-020 TEL: 3359 6915 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA 10H À 16H – SÁBADO E DOMINGO PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, CONCURSO DE POESIAS, ENCONTRO DE POETAS, OFICINAS. • BIBLIOTECA POPULAR INFANTIL DO JARDIM SULACAP PRAÇA MÁRIO SARAIVA, S/Nº JARDIM SULACAP – 21.741-100 TEL: 38030 9613 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, KIT AUDIOVISUAL. • BT POPULAR DO LEBLON – VINICIUS DE MORAES RUA BARTOLOMEU MITRE, 1297 LEBLON – 22.431-000 TEL:2294 1598 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: PÓLO DE JORNAL EM BIBLIOTECAS. • BT POPULAR DO MÉIER – LIMA BARRETO RUA CASTRO ALVES, 155 MÉIER – 20.765-040 TEL: 2281 5769 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, GIBITECA, ENCONTRO DE ESCRITORES, HORA DO CONTO. • BIBLIOTECA POPULAR DO MONERÓ PRAIA DA ROSA, 1.350 MONERÓ, ILHA DO GOVERNADOR – 21.920-140 TEL./: 2465 4513 HORÁRIO: 9H ÀS 17H - 3ª A SÁBADO PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, EXPOSIÇÕES, VÍDEOS. • BT POPULAR DE OLARIA E RAMOS – JOÃO RIBEIRO RUA URANOS, 1230 RAMOS - 21.060-070 TEL: 2590 2641 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: GIBITECA, OFICINAS, VÍDEOS. • BT POPULAR DE PAQUETÁ – JOAQUIM MANUEL DE MACEDO RUA PRÍNCIPE REGENTE, 55 - SOLAR DEL REY PAQUETÁ – 20.397-0388

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TEL: 3397 0388 HORÁRIO: 8:30 ÀS 16:30 – 3ª FEIRA À SÁBADO PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, CURSOS, ENCONTRO COM A 3ª IDADE, GAMES, OFICINAS. • BT POPULAR DA PENHA – ÁLVARO MOREIRA RUA LEOPOLDINA REGO, 734 PENHA – 21.021-522 TEL: 2590 2892 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ªFEIRA 10H ÀS 16H – SÁBADO E DOMINGO PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, GIBITECA, CORDELTECA, OFICINAS, PÓLO DE JORNAL EM BIBLIOTECA. • BT POPULAR DO RIO COMPRIDO – ALUÍSIO DE AZEVEDO TRAVESSSA NESTOR VICTOR, 64 TIJUCA – 20.280-180 TEL: 2569 7178 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: GIBITECA, INTERNET. • BIBLIOTECA POPULAR INFANTIL DA ROCINHA ESTRADA DA GÁVEA, 242 ROCINHA 22.451-261 TEL.: 3322-1019 HORÁRIO: 9H ÀS 17H, 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, GIBITECA, HORA DO CONTO. • BT POPULAR DE STA. CRUZ – JOAQUIM NABUCO RUA DAS PALMEIRAS IMPERIAIS, S/Nº SANTA CRUZ – 23.550-020 TEL: 3395 1085 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA PRINCIPAIS ATIVIDADES: EXPOSIÇÕES, HORA DO CONTO, INTERNET. • BT. POPULAR DE STA. TERESA – JOSÉ DE ALENCAR RUA MONTE ALEGRE, 306 Santa Teresa – 20.240-190 TEL: 2224 2358 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª FEIRA 10H ÀS 16H – SÁBADO E DOMINGO PRINCIPAIS ATIVIDADES: BRINQUEDOTECA, GIBITECA, HORA DO CONTO, INTERNET, OFICINAS, PALESTRAS. • BT POPULAR DA TIJUCA – MARQUES RABELO RUA GUAPENI, 61 TIJUCA – 20.250-240

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TEL: 2569 1695 HORÁRIO: 9H ÀS 17H – 2ª A 6ª EIRA 10H ÀS 16H – SÁBADO E DOMINGO PRINCIPAIS ATIVIDADES:, CURSOS, ENCONTRO COM A 3ª IDADE, PÓLO DE JORNAL EM BIBLIOTECA.

SERVIÇO DE BIBLIOTECAS VOLANTES * Criado em 12 de abril de 1965, atualmente funciona com nove kombis adaptadas e percorrem comunidades carentes. - Biblioteca Adalgisa Nery - Biblioteca Caio Fernando Abreu - Biblioteca Dante Milano - Biblioteca Darcy Ribeiro - Biblioteca Guimarães Rosa - Biblioteca João Antonio - Biblioteca Mario de Andrade - Biblioteca Plínio Doyle - Biblioteca Rubem Braga • Sede: Av. Monsenhor Félix, 512 Tel.: 2481 3619

SERVIÇOS:

INTERNET - quem não tem computador com acesso à Internet, em sua casa, pode navegar pela rede em bibliotecas populares, gratuitamente. GIBITECA - orienta leitores no acesso às publicações em quadrinhos. Oferece jogos de RPG. BRINQUEDOTECA – atividades recreativas com ampla utilização de brinquedos e jogos educativos. HORA DO CONTO – narrativa de histórias para crianças, jovens e público da 3ª idade. CORDELTECA – espaço destinado à pesquisa de cultura popular. Acervo especializado em literatura de cordel.