Projeto de Pesquisa - Modelo GPO.UNEMAT

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Projeto de pesquisa apresentado ao curso de. Pedagogia e ao Mestrado em Educação da. UNEMAT, Campus Jane Vanini, Cáceres-MT. Cáceres-MT. 2013 ...
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE EDUCAÇÃO CAMPUS UNIVERSITÁRIO JANE VANINI MESTRADO EM EDUCAÇÃO

IRTON MILANESI

O CURRÍCULO ESCOLAR: DO FORMAL AO REAL NA PRÁXIS DE GESTORES E DOCENTES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Cáceres-MT 2013

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE EDUCAÇÃO CAMPUS UNIVERSITÁRIO JANE VANINI DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA

IRTON MILANESI

O CURRÍCULO ESCOLAR: DO FORMAL AO REAL NA PRÁXIS DE GESTORES E DOCENTES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Projeto de pesquisa apresentado ao curso de Pedagogia e ao Mestrado em Educação da UNEMAT, Campus Jane Vanini, Cáceres-MT.

Cáceres-MT 2013

1. Título: O currículo escolar: do formal ao real na práxis de gestores e docentes dos anos iniciais do ensino fundamental. 2. Área (s)/Linha (s) de Pesquisa contempladas (homologadas no CONEPE): Grande Área: 70000000 Ciências Humanas Área de Conhecimento: 70800006 Educação Sub-área de conhecimento: 70805008 Currículo Linha de Pesquisa: Formação de professores, políticas e práticas pedagógicas.

3. Resumo (no máximo 300 palavras): A pesquisa será desenvolvida numa perspectiva qualitativa, tendo como objetivo: compreender, a partir das atividades de pesquisa do Estágio Supervisionado, como gestores e professores dos anos iniciais do ensino fundamental de duas escolas públicas de Cáceres-MT (uma municipal e outra estadual) concebem, elaboram e desenvolvem o currículo escolar. Partiremos da revisão da literatura relativa ao campo do currículo, especialmente o currículo escolar, a qual se estenderá até o final da investigação. Na sequência, para a coleta dos dados de campo, aplicaremos um questionário a 14 (quatorze) sujeitos, sendo: 4 (quatro) gestores e 10 (dez) professores dos anos iniciais de duas escolas da rede pública de Cáceres, sendo uma municipal e outra estadual. Finalmente, para aprofundar o conhecimento sobre as questões curriculares, faremos a observação in loco nas duas escolas, para perceber a maneira como os seus gestores e professores sujeitos da pesquisa lidam com as questões curriculares. No processo de análise dos dados de campo trabalharemos com classes e categorias. Embasados no enfoque da pesquisa etnográfica, esperamos como resultado, fazer um levantamento do real significado que os sujeitos dão ao currículo em suas elaborações teórico práticas em seus cotidianos escolares.

4. Palavras-chave (no mínimo 3; no máximo 5): Currículo Formal; Currículo Real; Gestores e Professores. 5. Introdução: Entendemos que é preciso compreender, por meio das atividades investigativas do Estágio Supervisionado, como os gestores e educadores dos anos iniciais do ensino fundamental das escolas públicas de Cáceres-MT concebem, elaboram e desenvolvem o currículo escolar. Por meio desta pesquisa, pretendemos explorar tanto a literatura relativa ao currículo quanto a práxis de gestores e professores do ensino fundamental em relação aos elementos que constituem o currículo de uma maneira geral, com ênfase especial no currículo escolar. Quanto à revisão da literatura desse campo, pretendemos fazer um levantamento desde a gênese do termo currículo, com Franklin Bobitt, Ralf W. Tyler e John Dewey no início do século XX, acompanhando o seu desenrolar na evolução dos tempos em suas diferentes concepções, conforme o posicionamento dos teóricos desse campo, até chegar ao contexto atual em que vivemos em nosso trabalho hoje nos espaços escolares. Assim, pretendemos obter um conhecimento de mundo mais aberto, para além da cultura de grupos dominantes que operaram e operam hegemonicamente na elaboração e desenvolvimento do currículo escolar, trazendo, assim, a nossa contribuição para o meio científico em que vivemos atualmente. Sabemos que o currículo está presente e interferindo diretamente na vida de todos nós: gestores, educadores, estudantes e a comunidade mais ampla. Mas nem sempre essa temática é bem compreendida. A sociedade brasileira, como um todo, é formada em seus valores tomando como referência a política educacional do país, sendo influenciada pela presença de um rico patrimônio cultural, constituído de conhecimentos advindos de diversas culturas que acabam desembocando nos currículos escolares por meio de livros didáticos, políticas educacionais, leis etc. No entanto, o campo do currículo que opera esses conhecimentos nos ambientes escolares nem sempre é tranqüilo, há um conflito contínuo e lutas entre grupos culturais para fazer valer os seus interesses, conhecimentos e valores no currículo que se desenvolve nas escolas.

É necessário lembrar que nem sempre esse rico patrimônio cultural presente no seio da sociedade tem sido valorizado e incluído no currículo escolar de uma maneira equilibrada. Podemos ver, por meio dos estudos desse campo, que sempre houve ao longo dos tempos o domínio de uma cultura sobre outra, com a imposição de uma monocultura no currículo escolar, mais especificamente a europeia enquanto colonizadora, a qual tem exercido uma supremacia sobre outras culturas, provocando uma relação desigual e conflito de identidade às colonizadas. A sociedade contemporânea não aceita mais essa imposição de uma cultura sobre outra. Nesse sentido, entendemos que o currículo deve ser uma construção permanente, em que o multiculturalismo esteja nele presente. Mas como as escolas, por meio de seus gestores e professores estão lidando com essa questão? Isso é o que pretendemos investigar no decorrer dessa pesquisa que ora iniciamos com a proposição deste projeto. Problematização: Buscamos compreender, através da revisão da literatura desse campo e da aplicação de instrumentos de coleta de dados a gestores e professores, como eles abordam o currículo no planejamento e desenvolvimento escolar. Entendemos que através da valorização dos conhecimentos relativos ao currículo, os profissionais da educação terão novas posturas frente à elaboração e o desenvolvimento dele nas escolas. Para avançar no conhecimento sobre esse campo, entendemos que é preciso fazer um levantamento da literatura relativa ao currículo, desde a sua gênese no início do Século XX, como um campo epistemológico, até compreendê-lo em nossas elaborações na contemporaneidade. Fala-se muito hoje em currículo, mas parece que esse termo não está bem compreendido nas escolas. Nesse sentido, a questão-problema que se coloca é a seguinte: Como os gestores e professores das escolas públicas conceituam, elaboram e desenvolvem o currículo escolar? Entendemos que essa pesquisa se justifica na atual conjuntura escolar, tendo em vista a necessidade de avanço rumo à melhoria da qualidade do ensino ofertado às crianças

e adolescentes que circulam por nossas instituições educativas – basta olharmos atentamente para o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2011 das escolas públicas do município de Cáceres-MT (Informações disponíveis em: ideb.inep.gov.br). Questões Norteadoras A pesquisa a ser desenvolvida será de natureza mista, bibliográfica e de campo. Os dados de campo serão coletados durante as atividades de Estágio Supervisionado que realizaremos nas escolas, por meio dos quais buscaremos a compreensão que têm gestores e professores dos anos iniciais do ensino fundamental na elaboração e desenvolvimento do currículo das escolas públicas da cidade de Cáceres-MT. Nessa perspectiva, algumas questões nortearão a pesquisa: Qual a concepção de currículo está presente no pensamento de gestores e educadores? Eles abordam o currículo com clareza, ou simplesmente utilizam esse termo sem uma compreensão maior do seu real significado, especialmente, no meio escolar. 6. Objetivo Geral: - Compreender como gestores e professores dos anos iniciais do ensino fundamental das escolas públicas de Cáceres-MT concebem, elaboram e desenvolvem o currículo escolar. 7. Objetivos Específicos: - Levantar a concepção que gestores e professores têm de currículo escolar; - Descrever a forma em que a comunidade escolar participa (ou não) do processo de elaboração e desenvolvimento curricular; - Verificar a maneira como os professores desenvolvem as ações propostas pelo currículo escolar ao executarem seus trabalhos pedagógicos em salas de aula.

8. Justificativa: Entendemos que o estudo sobre o currículo é altamente relevante no meio científico e educacional, uma vez que a maioria dos educadores, ou mesmo gestores e políticos, utiliza esse termo sem saber o real significado dele. Assim, procuraremos estudar como o currículo é concebido e implementado no meio escolar, com ênfase específica em seus desdobramentos nas ações que são desenvolvidas e que chegam ao processo ensino-aprendizagem. Estamos convictos de que para a educação básica avançar em qualidade, é preciso compreender como gestores escolares e professores introduzem os elementos culturais dos diversos grupos no currículo durante os trabalhos que são desenvolvidos nas escolas, especialmente, nas salas de aula. Esses educadores abordam o currículo com clareza? Ou simplesmente utilizam esse termo sem uma compreensão maior do seu significado, especialmente, no meio escolar? Assim, é preciso saber como gestores e docentes empregam o uso desse termo na construção de novas maneiras de ser das pessoas ao lidarem com o conhecimento que é veiculado e (re)construído por meio do currículo escolar. É no início da escolarização que começa a formação dos valores culturais para as crianças e adolescentes. Assim, é importante que desde cedo os alunos tenham acesso ao conhecimento de uma maneira organizada, em que o currículo seja compreendido e organizado claramente pela comunidade escolar, especialmente por gestores e professores. Entendemos que sem o domínio sobre o conhecimento desse campo, dificilmente as instituições escolares avançam em relação à qualidade do ensino que oferecem aos seus alunos. 9. Resultados Esperados: Esperamos ao final da pesquisa compreender a maneira como gestores e professores dos anos iniciais do ensino fundamental das escolas públicas de Cáceres-MT concebem, elaboram e desenvolvem o currículo escolar.

10. Hipóteses ou Questões Problemas: Temos como hipótese que o termo Currículo vem sendo utilizado por gestores e professores sem precisão terminológica, e desgarrado das reais necessidades das comunidades escolares. 11. Materiais e Métodos: Esta investigação será conduzida com base nos pressupostos teórico metodológicos da pesquisa qualitativa. Teremos como interlocutores 14 (quatorze) sujeitos, sendo: 4 (quatro) gestores e 10 (dez) professores dos anos iniciais de duas escolas da rede pública de Cáceres, sendo uma municipal e outra estadual. Observaremos como os seus sujeitos lidam com as questões relacionadas aos conhecimentos dos diferentes grupos culturais no planejamento e execução do currículo escolar. A técnica de coleta de dados a ser utilizada será a da aplicação de questionário com questões relacionadas ao tema, sendo um destinado aos gestores e outro para os professores dos anos iniciais do ensino fundamental. Além do questionário, como professor orientador de estágio, aproveitaremos os contatos com as escolas para desenvolver a observação in loco, dialogando com os gestores escolares e professores sobre a maneira como tratam as questões relacionadas ao currículo escolar. A partir do momento em que o pesquisador define seu objeto de estudo, ele deixa evidenciado que a pesquisa possui uma pretensão analítica que, na verdade, se configura no interior de uma discussão teórica, a partir de um estudo amplo sobre o tema escolhido, aqui no caso, as questões relacionadas ao Currículo Escolar. Assim, realizar uma pesquisa de abordagem qualitativa como esta, implica em escolher um objeto de estudo, cujo foco de investigação deve estar centrado na compreensão de significados atribuídos pelos sujeitos às suas ações. Segundo Bogdan e Bicklen (1994), a perspectiva teórica fala de um modo de entendimento de mundo, ou seja, o que as pessoas sabem sobre o que é importante e o que faz o mundo funcionar. Assim, entende-se que a apropriação de qualquer ideia por parte do pesquisador estará influenciada pela sua concepção de mundo, e o modo como utiliza o conceito está influenciado pelos paradigmas que lhe servem de apoio

para o estudo dos fenômenos sociais. Na perspectiva de Ludke e André (1986), o conceito de pesquisa qualitativa tem sido pouco discutido entre os estudiosos da área, o que tem resultado em algumas críticas, como por exemplo, que qualitativo é sinônimo de não quantitativo. Contrapondo essa posição, as autoras salientam que quantitativo e qualitativo estão intimamente relacionados. Nessa visão, ao fazer uma pesquisa podemos utilizar dados quantitativos, mas que, na análise desses dados, estarão sempre presentes os quadros de referência, os valores, a visão de mundo do pesquisador e dos pesquisados, portanto, a dimensão qualitativa. Justificamos a opção pela escolha da pesquisa qualitativa por entender que: a) os sujeitos são compreendidos com base nos seus pontos de vista; b) numa descrição dos fenômenos, tem-se claro que estes contêm o significado que o ambiente lhes confere; c) no diálogo onde o pesquisador tenta aprender algo através do sujeito, mas não tenta ser necessariamente como ele e; d) na pesquisa qualitativa os investigadores, mesmo tendo uma hipótese formulada e um objetivo definido, entendem que tudo pode ser modificado e/ou reformulado à medida que vão avançando os trabalhos de campo e as análises de dados. Por meio da revisão da literatura (a qual se estenderá durante todo o processo da pesquisa) ampliaremos nossos referenciais a respeito das questões curriculares, levantando dados das principais discussões que perpassam esse campo. Na pesquisa de campo, contataremos com os gestores e professores de duas escolas públicas de ensino fundamental (anos iniciais), sendo uma municipal e outra estadual. Levantaremos a opinião desses sujeitos em relação à elaboração e desenvolvimento do currículo escolar. Vale lembrar que pela natureza constitutiva da disciplina que desenvolvemos na universidade (Estágio Supervisionado), já teremos o contato direto com esses sujeitos, assim, faremos a observação das práticas ali realizadas, bem como a análise documental do currículo formal das escolas.

Para atingir os nossos propósitos utilizaremos os alguns instrumentais, conforme duas fases, uma de coleta dos dados e outra de análise. Na coleta de dados utilizaremos os seguintes recursos ou técnicas: Aplicação de questionário: será constituído com questões fechadas e abertas, o qual será aplicado aos gestores e professores regentes das duas escolas públicas da cidade de Cáceres-MT, sendo uma municipal e a outra estadual, nas quais atuarão estagiários do curso de Pedagogia, os quais estarão sob nossa orientação. Esse instrumento nos possibilitará compreender a concepção de currículo presente no pensamento dos gestores e professores, bem como, servirá para avaliarmos a práxis empregada por esses sujeitos ao elaborarem e executarem o currículo escolar. A observação: será utilizada como recurso complementar, de aprofundamento das questões relacionadas à elaboração e ao desenvolvimento curricular nas respectivas escolas. A observação in loco será realizada durante o momento em que estivermos acompanhando os estagiários de Pedagogia junto às escolas de ensino fundamental (anos iniciais). Nessa fase será elaborado um roteiro com as unidades de observação a priori, para que possamos nos concentrar nas questões mais relevantes do currículo. Para o registro das informações utilizaremos um caderno de campo. Após a aplicação dos questionários e da realização das observações, transcreveremos os depoimentos e fatos observados na íntegra para posterior classificação, análise e categorização. No processo de análise dos dados, trabalharemos com classes e categorias. As classes e categorias surgirão no curso da investigação, a partir dos depoimentos e observações que realizaremos. Entendemos por classe, uma primeira apartação dos dados brutos (com base nas suas similaridades), os quais serão oriundos dos depoimentos dos investigados e das observações a serem feitas. Por categoria, entendemos os conceitos fundamentais extraídos pelo pesquisador dos depoimentos e observações da práxis estabelecidas pelos sujeitos nas escolas pesquisadas, que refletem os aspectos mais gerais e essenciais da realidade estudada sobre o currículo escolar. Optamos por trabalhar com categorias, por concordar com o pensamento de Gomes

(apud MINAYO 1993, p. 70), o qual faz a seguinte conceituação: A palavra categoria, em geral, se refere a um conceito que abrange elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si. Essa palavra está ligada à idéia de classe ou série. As categorias são empregadas para se estabelecer classificações.

Atividades a serem realizadas: 1) Revisão da literatura referente ao campo do currículo escolar. Essa atividade se estenderá ao longo da pesquisa. 2) Primeiros contatos que teremos com os gestores e professores das escolas campo do estágio, nas quais atuarão os estagiários do 6º semestre do curso de Pedagogia (turma de estagiários a ser orientada por nós enquanto docente na universidade). 3) Elaboração dos instrumentais da pesquisa (questionários e roteiro de observação). 4) Aplicação de questionário aos gestores e professores regentes das escolas pesquisadas. 5) Tabulação dos dados do questionário e das observações empreendidas. 6) Análise dos dados com classificação e categorização das respostas, levando-se em consideração os dois instrumentos utilizados: o questionário e a observação. 7) Elaboração do relatório final de pesquisa. 8) Participação dos pesquisadores em congressos da área. Essa atividade se estenderá ao longo da pesquisa, um exercício de atualização dos pesquisadores em relação às teorias que sustentam as questões ao currículo escolar. 9) Elaboração de artigo científico, avaliação final e divulgação do resultado.

12. Referencial Teórico: De acordo com Pacheco (1996), no meio educacional o termo currículo é proveniente do vocábulo latino currere, que significa caminho, jornada, trajetória, percurso a seguir, e que pressupõe duas ideias principais, uma de seqüência ordenada, e a outra, de noção de totalidade de estudos. Nos últimos tempos esse currículo ganhou relevância no campo educacional em nível de produção científica, sendo disseminado por programas, planos de intenções, dentre outras formas de aplicação. Vale ressaltar que o currículo foi também se afirmando nas experiências educativas de gestores e professores nas escolas, e com isso, muitas definições lhe foram dadas, constituindo-se: para alguns teóricos como um termo polissêmico (por existir várias definições sobre ele), e para outros, não (por entenderem que o currículo ganhou diferentes definições, mas em épocas diferentes). Não havendo uma única definição para esse termo, duas perspectivas são as mais compartilhadas pelos estudiosos desse campo: a do currículo formal e a do informal – ou currículo oficial e em ação. O primeiro constituído enquanto atividade de planejamento a priori, que é realizada na preparação das políticas educacionais e na implementação dessas nas instituições de ensino, tendo como objetivo, atingir finalidades previamente estabelecidas. O segundo, compreendido como o conjunto de ações ou de conhecimentos que mesmo não estando implícitos no currículo oficial, são veiculados e aparecem na ação, no momento de execução da práxis pedagógica de gestores e docentes aos lidarem com as questões do ensino. Na primeira perspectiva, trata-se do currículo formal, prescrito ou oficial, por exemplo, o de uma unidade escolar, que obedece a propósitos definidos a priori para atingir determinados fins ou objetivos quanto ao tipo de educação que se pretende empreender, privilegiando-se, geralmente, os conteúdos do ensino e as atividades ou projetos que visem à formação dos seus alunos. Na segunda perspectiva, temos o currículo informal, ou currículo em ação, como materialização ou o desenvolvimento do currículo prescrito/formal/oficial. Nessa perspectiva informal o currículo ganha vida, e muitas questões não previstas no currículo formal aparecem.

A partir da incorporação dessas duas perspectivas acordadas entre os autores desse campo, o currículo é compreendido como o conjunto de experiências educativas desenvolvidas que incorporam tanto aquelas ações ou atividades previstas como outras não previstas, mas que surgem no curso do desenvolvimento curricular. Nesse sentido, a nosso ver, faz-se necessária uma investigação científica, ou pelo menos uma avaliação desse campo, para percebermos se está ocorrendo a apreensão dos conhecimentos empregados no currículo escolar pelos alunos. Assim, a pesquisa ou a avaliação se constitui no termômetro escolar, para observar se os objetivos curriculares estão sendo alcançados ou não. Assim como o currículo, a avaliação também se define como formal e informal como já mencionamos em outra produção (MILANESI, 2005 p. 63): FORMAL – Tem por finalidade medir e testar o quantitativo de conhecimento em face de objetivos pré-estabelecidos por especialistas ‘iluminados’ em planejamento educacional, os quais ‘sabem’ o que se faz necessário para uma formação ‘adequada’ dos alunos frente às exigências do mercado de trabalho [...]. INFORMAL – Ocorre com mais freqüência. Se ao nível formal da avaliação há a presença controladora do professor [...] com o nível informal da avaliação, ocorre todo o processo do trabalho pedagógico: são os olhares e palavras que censuram e reprimem determinados comportamentos dos alunos.

Mas, o que a avaliação tem a ver com o estudo de currículo? Tudo a ver, pois, para saber se o conhecimento que se deseja construir para os alunos está bem elaborado, bem planejado, pautado na proposta curricular da instituição escolar, e se esses alunos estão avançando em termos de aprendizado. É necessário aplicar a avaliação que, aliás, ela é parte integrante de toda e qualquer proposta curricular de um estabelecimento de ensino. O estabelecimento de ensino, por sua vez, tem a função de preparar sujeitos autônomos para a sociedade. Dessa forma, a elaboração e o desenvolvimento do currículo poderão estar dando suporte favorável ou não à formação almejada para os alunos de um determinado estabelecimento de ensino. A exemplo de alguns autores, entendemos o currículo como um termo polissêmico, ou seja, ele é carregado de ambigüidade, e por isso, provoca, muitas vezes, certa confusão terminológica em gestores e educadores. A palavra currículo aponta para uma diversidade de funções e conceitos, em função das perspectivas que se adota

acerca da sua natureza e do seu âmbito. Assim, o currículo pode ser comparado a um jogo de regras, a programa, a projeto ou programa político. Enquanto programa político ele é repleto de intenções nada neutrais, ou seja, por trás do político que inspirou o programa, existe a intenção de defender os interesses de determinados grupos culturais. Trazendo o estudo de currículo para o campo pedagógico das instituições educacionais, conforme já salientamos anteriormente, ele também aponta para duas definições mais comuns que se integram. A primeira refere-se ao currículo planejado antes de ser executado, e a segunda, diz respeito à ação do que foi planejado. Nessa visão, o currículo formal é compreendido como um plano previamente planificado a partir de fins e finalidades, e o currículo informal, como o processo que decorre do referido plano, ou seja, é a ação ou desenvolvimento do currículo formal. Na primeira perspectiva, do currículo formal, suas definições apontam para o currículo como conjunto de conteúdos a ensinar, organizado por disciplinas, ou áreas de estudos e como plano de ação pedagógico fundamentado e implementado num sistema tecnológico. No entanto, é preciso salientar que esse currículo formal nem sempre atende as necessidades dos estudantes e professores, principalmente quando ele é elaborado de maneira fragmentada: O currículo escolar é mínimo e fragmentado. Na maioria das vezes, deixa a desejar tanto quantitativa como qualitativamente. Não oferece, através de suas de suas disciplinas, a visão do todo, do curso e do conhecimento uno, nem oferece a comunicação e o diálogo entre os saberes; dito de outra forma, as disciplinas com seus programas e conteúdos não se integram ou complementam, dificultando a perspectiva de conjunto, que favorece a aprendizagem. (MORIN apud PETRAGLIA, 2008, p. 79).

Com base no pensamento de Morin, a autora citada nos deixa claro que há um distanciamento da unificação dos saberes e que os mesmos não se integram de maneira tranquila. Através dessa reflexão que a autora faz acerca do currículo escolar, podemos entender que, em parte, as dificuldades do ensino-aprendizagem para as crianças e o seu insucesso escolar, são, muitas vezes, ocasionadas por determinados elementos do currículo. A falta de uma visão macro do conhecimento sobre ele pode ser um dos fatores que contribuem para o insucesso escolar de muitas crianças que se encontram na escola pública brasileira.

Na perspectiva de integração entre o currículo formal e o informal existe lugar para as definições de currículo como um conjunto de experiências educativas, como um sistema dinâmico, complexo e probabilístico, sem uma estrutura totalmente predeterminada. Para Tanner & Tanner (apud PACHECO, 1996), nessa visão, o currículo enquanto projeto educativo e didático sustenta três ideias-chave: a de um propósito educativo em função de finalidades; a de um processo de ensinoaprendizagem com referência a conteúdos e atividades e; a de um contexto específico, o escolar ou da organização formativa. Nos estudos que efetivamos até aqui e que pretendemos prosseguir com esta pesquisa, podemos perceber que existem autores que pensam o currículo como um plano de estudo fechado, ou a um programa de estudo muito estruturado: com objetivos, conteúdos e atividades de acordo com as disciplinas. Por outro lado, há autores que defendem uma perspectiva mais aberta de currículo, a qual incorpora as experiências e as narrativas cotidianas dos sujeitos envolvidos no processo educacional, tanto na reelaborarão do currículo formal/oficial quanto no desenvolvimento do currículo em ação/informal. O campo do currículo é composto por vários elementos, os que mais se destacam são: o da cultura, da política e do poder. Segundo Moreira (2002), no campo da cultura, o estudo de currículo ressalta a importância do multiculturalismo e também nos apresenta algumas definições acerca do mesmo. Dessa forma, o multiculturalismo tem sido empregado para indicar o caráter plural das sociedades ocidentais contemporâneas, sendo uma condição inescapável do mundo atual e que não se pode ignorar. Nessa definição estão presentes os conflitos de visão do mundo social, decorrentes dos interesses econômicos e políticos. Esse pensar nos remete a centralidade da cultura nos fenômenos sociais contemporâneos. Ela não só é vista como reflexo de uma estrutura econômica, mas é parte integrante da estrutura e da vida social como todo. Vivemos hoje uma “revolução cultural”, na qual a cultura deixa de corresponder a uma esfera separada da vida social, material e passa a ser um processo social em continua constituição. O multiculturalismo define a diversidade cultural, pois ela existe de fato na formação social em nosso país, inclusive ultrapassando a barreira do universal em tempos de globalização econômico-cultural. Mas, apesar do reconhecimento da importância do multiculturalismo, atualmente,

ainda se vive uma tendência cultural de homogeneização cultural, ou seja, o desejo de grupos hegemônicos tornarem como padrão universal certos costumes ou valores; os veículos de comunicação de massa cuidam dessa tarefa. Sendo assim, podemos destacar dois tipos de multiculturalismo que podem ser materializados por meio do currículo escolar: o multiculturalismo benigno e multiculturalismo crítico. Por meio do multiculturalismo benigno as pessoas identificam ou reconhecem as diferenças culturais e estimulam o respeito, a tolerância e a convivência entre as diferenças, mas nada se faz de real para desestabilizar as relações de desigualdade entre grupos culturais. Alguns países, incluindo o Brasil, vivem este modelo de multiculturalismo, pois, fala-se muito em igualdade e solidariedade como forma de atenuar os problemas e os preconceitos contra grupos minoritários, mas muito pouco se faz para corrigir distorções. No multiculturalismo crítico as pessoas tentam enfatizar uma nova forma de responder as condições do mundo contemporâneo e multicultural. Essa resposta geralmente vem sendo empreendida por meio do conhecimento-emancipação, um conhecimento que se dirige do colonialismo para a solidariedade, em que grupos explorados saem dessa condição com seus esforços e a solidariedade de outros grupos, no qual todos saem com suas identidades fortalecidas. Para Moreira (2002), a solidariedade é uma forma de conhecimento obtida a partir do reconhecimento do outro, nesse sentido, todo conhecimento-emancipação tem uma vocação multicultural. No entanto, precisamos estar atentos, pois conforme salienta Bhabha (apud MACEDO, 2006, p 106): “não podem ser desprezadas as tentativas do poder colonial de aniquilação das culturas subalternas, com seus procedimentos para marcar as diferenças, fechando classes de coisas e expelindo os elementos não classificáveis”. É evidente hoje a necessidade de uma postura multicultural por parte de gestores e professores, bem como, dos cursos propiciarem a temática do multiculturalismo na formação inicial. Não basta reconhecer as diferenças, é preciso estabelecer relações entre as pessoas, trata-se de reconhecer o outro como pessoa e não a outra cultura como matéria a ser estudada.

Segundo Sousa Santos (apud MOREIRA, 2002): busca-se uma forma multicultural para emancipação das pessoas, mas que esteja fundamentalmente assentada numa política da igualdade da diferença, pois há a ideia ilusória de que sendo todos iguais já há uma redistribuição social ao nível econômico. É através da redistribuição dos bens econômico-culturais que assumimos a igualdade como princípio e prática. É bom lembrar que a política da igualdade com base na luta contra a diferenciação de classe não esclareceu outras formas de discriminação, como: étnica, de orientação sexual, etária, sócio-econômica e muitas outras. É a urgência das lutas contra essas formas de discriminação que trouxe a política da diferença e esta política não se resolve somente pela redistribuição, mas sim, pelo reconhecimento do outro, como pessoa humana.

13. Cronograma de Atividades: 2013 ATIVIDADES Meses 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 8 9 0 1 2 1 2 3 4 5 Revisão da literatura relativa ao x x x x x x x x x currículo escolar Primeiros contatos que teremos x x com os gestores e professores das duas escolas campo do estágio Elaboração dos instrumentais da x x x pesquisa Aplicação de questionário aos x x x gestores e professores regentes das escolas pesquisadas e observação in loco x x x x Tabulação dos dados do questionário e das observações empreendidas Análise dos dados com x classificação e categorização das respostas Elaboração do relatório final de pesquisa Participação dos pesquisadores em congressos da área Elaboração de artigo científico, avaliação final e divulgação do resultado.

2014 Meses 0 0 0 0 1 1 1 0 0 6 7 8 9 0 1 2 1 2 x x x x x x x x

x x

2015 Meses 0 0 0 0 0 3 4 5 6 7 x x x x x

x x x x

x x x x x x x x x x

14. Referências (Conforme Normas da ABNT): BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Porto Editora, 1994. LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MACEDO, Elizabeth. Currículo: política, cultura e poder. Currículo sem Fronteiras, v.6, n.2, Jul./Dez. 2006, pp.98-113. MINAYO, M.C.S. et. al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 1993. MOREIRA, A.F.B. Currículo, diferença cultural e diálogo. Educação & Sociedade, ano XXIII, n. 79, Agosto/2002, p. 15-38. _________. A recente produção científica sobre currículo e multiculturalismo no Brasil (1935-2000): Avanços, desafios e tensões. Revista Brasileira de Educacão, Campinas: Autores Associados/ANPED,2001, n. 18, p. 65-81. MOREIRA,A. F. B.; MACEDO,E. F. “Currículo,identidade e diferença”. In: MOREIRA, A.F.B; MACEDO, E.F.(Orgs). Currículo, práticas pedagógicas e identidades. Porto: Porto Editora, 2002. MILANESI, Irton. A avaliação da aprendizagem escolar. Revista da Faculdade de Educação/UNEMAT, Ano III n 3/jan. jun./2005, Cáceres-MT. PACHECO, J. A. Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto Editora, 1996. PETRAGLIA, Izabel; MORIN, Edgar . A educação e a complexidade do ser e do saber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

15. Orçamento: Equipamentos/Material bibliográfico Descrição Quant. Notebook Dual Core (2.1 GHZ 3GB 01 HD320GB 15.5 prata Windows 7 e; Office 2007 Home & Student. Impressora HP- 1668 01 Material Bibliográfico 20 TOTAL Custeio Descrição Resma de papel Toner impressora HP preto CB436A TOTAL

Quantidade 04 01

Valor unitário Total R$ 3.000,00 R$ 3.000,00

R$ 747,00 R$ 35,00

Valor Unitário R$ 15,00 R$ 199,90

R$ 747,00 R$ 700,00 R$ 4.447,00

Total R$ 60,00 R$ 199,90 R$ 259,90

Todas as despesas ficarão a cargo do responsável pela pesquisa, uma vez que o material do orçamento já existe em seu grupo de pesquisa na UNEMAT.