A química é a ciência que estuda a matéria, especificamente, as transformações
que ocorrem na sua estrutura íntima, durante a ocorrência das reações.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
A EXPERIMENTAÇÃO NA IDENTIFICAÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS
Larissa Oliveira de Souza1, Djaneide Marinalva da Silva2, Priscila do Nascimento Silva3, José Euzébio Simões Neto4.
INTRODUÇÃO A química é a ciência que estuda a matéria, especificamente, as transformações que ocorrem na sua estrutura íntima, durante a ocorrência das reações. Por trabalhar em três níveis representacionais diferentes, a saber: macroscópico, microscópico e representacional (SILVA, 2013), a química ocupa atualmente, na área do ensino, um fértil campo de pesquisas, na busca de propostas de ação e metodologias e estratégias, que possam exercer influência perante os alunos na participarem das aulas, promovendo uma maior aprendizagem destes conceitos. Uma importante estratégia no ensino de química é o uso da experimentação. A química como uma ciência com base experimental necessita de aulas práticas, pois a realização das mesmas tem importante relação no processo de ensino. Essas atividades podem ser adotadas como estratégia, fazendo com que os alunos façam uma reflexão sobre os conceitos químicos aprendidos anteriormente complementando assim o ensino teórico, cabe também ao professor intervir durante a realização das atividades abrindo espaço para o diálogo entre os alunos (PERUZZO E CANTO, 2010). Neste cenário, podemos destacar a importância das atividades práticas, já que essencialmente a química é uma ciência experimental. Nas palavras de Galiazzi e Gonçalves (2004): A experimentação é uma ferramenta importante no processo de ensino-aprendizagem que desperta forte interesse entre alunos de diversos níveis de escolarização, porém não basta dispor de laboratório completo para se obter resultados significantes no ensino, é preciso que as atividades sejam bem elaboradas e aplicadas com categoria e, se assim não o forem, o conteúdo acaba não tendo significado. (GALIAZZI e GONÇALVES, 2004). Desta forma, pensamos que a experimentação possui grande importância no ensino de química, por permitir que teoria e prática se relacionem, propiciando aos discentes a manipulação de materiais e a partir disto criem significados entre si e com o professor. É de consenso de professores e pesquisadores de química que atividades experimentais auxiliam na consolidação do conhecimento, além de ajudar no desenvolvimento cognitivo do aluno (GIORDAN, 1999). Muitos são os desafios dos professores de química em sala de aula, um deste é proporcionar ao aluno a apropriação científica das transformações que ocorrem em seu cotidiano. De maneira superficial, podemos classificar os fenômenos naturais em duas grandes classes: transformações físicas e transformações químicas. Quando uma transformação física ocorre, a natureza íntima da matéria não se altera. É o caso de fenômenos como a vaporização da água. A substância em questão muda o estado físico, passando de líquido para gasoso, no entanto, as partículas que compõe a água não sofrem modificações na sua estrutura. Já uma transformação química é aquela que ocorre mediante a modificação na estrutura íntima da matéria. Ocorre, por exemplo, quando uma barra de ferro, em local úmido, sofre oxidação, provocando ferrugem: alguns átomos de ferro reagem com o oxigênio, formando o composto que conhecemos vulgarmente como ferrugem (ATKINS; JONES, 2004). Apesar de a da experimentação possuir grande significado para o ensino de química, esta não é uma metodologia que os professores de ciências do Ensino Médio utilizam. Vários são os motivos para a não realização desta atividade, dentre elas podem ser citadas a falta de laboratório, a falta de material, não existência de carga horária específica para esta atividade. Desta forma, podemos suprir essas deficiências com propostas baratas, que podem ser realizadas em quaisquer ambientes, desde laboratórios, até a sala de aula ou o pátio da escola, usando materiais pouco perigosos e de baixo custo, mas com todo o cuidado para que não ocorram acidentes.
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Primeira Autora é graduanda de Licenciatura Plena em Química, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n Dois Irmãos, CEP 52171-900. Recife-PE. E-mail:
[email protected] 2 Segunda Autora é graduanda de Licenciatura Plena em Química, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n Dois Irmãos, CEP 52171-900. Recife-PE. 3 Terceira Autora é graduanda de Licenciatura Plena em Química, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n Dois Irmãos, CEP 52171-900. Recife-PE. 4 Quarto Autor é Professor Assistente da Unidade Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Fazenda Saco, s/n, Caixa Postal 063,Serra Talhada-PE
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Temos então, como objetivo deste trabalho, apresentar uma proposta experimental para a identificação e discussão de ideias sobre fenômenos físicos e químicos, nas aulas do Ensino Médio.
Material e métodos Este trabalho foi desenvolvido na Escola de Referência em Ensino Médio Confederação do Equador, localizada no município de Paudalho, zona da mata pernambucana, em duas turmas: uma do Segundo ano e a outra do Terceiro ano do Ensino Médio. Realizamos, em conjunto com o corpo docente de química da escola, uma experimentação com materiais de baixo custo e de fácil aquisição. Os alunos foram divididos em grupos de trabalho, para facilitar a execução e estimular o debate internos ao grupo, e, também, entre grupos. Os experimentos selecionados foram direcionados para a execução por parte dos alunos. Inicialmente, estes fizeram a mistura de água e açúcar, em um recipiente, água e bicarbonato de sódio, em um segundo recipiente e, por fim, refrigerante de limão e açúcar, no terceiro e último recipiente. Um dos principais objetivos da prática foi demonstrar para os discentes que, apesar dos líquidos serem incolores e os sólidos brancos, a coloração de cada substância em separado não será determinante para que o produto das misturas tenha uma coloração final esbranquiçada. Após a mistura, mediante observação, foi solicitado classificar cada caso como transformação física ou química. Houve a mediação das monitoras sobre a classificação que cada aluno fez e os motivos que o levaram a essa classificação, sendo escrito os dados no quadro, para que fosse atingida coletivamente a construção de conceitos. Em um segundo momento, os estudantes foram direcionados a questões e reflexões sobre o que haviam observado na experimentação, e, partindo desta observação, interligaram os conhecimentos prévios, desenvolvidos em aulas regulares teóricas, e o que poderiam compartilhar com os alunos do seu grupo. Nesta pesquisa, o instrumento de coleta de dados consistiu em anotações, feitas em um caderno de pesquisa de campo, na possa das actantes da intervenção.
Resultados e Discussão A maior parte dos alunos conseguiram identificar quais dos fenômenos descritos foram de natureza química ou física, relacionando o conteúdo aprendido em sala de aula com as atividades experimentais colocadas na intervenção. A questão da coloração, muito evidenciada nos livros como indício de ocorrência de transformações químicas, o que pode caracterizar um obstáculo epistemológico, foi superada a partir da comparação entre o resultado experimental e as crenças pré-estabelecidas. Essa atividade contribuiu para todo o grupo, com as dificuldades sendo expostas de forma espontânea. Ao trabalhar com a curiosidade do aluno foi observada uma maior integração de saberes e um aluno pôde ajudar o outro a conectar as novas informações adquiridas. Muitos alunos encontram dificuldades em compreender conteúdos das ciências exatas, principalmente da Química, contudo, observamos que parte dessas dificuldades pode ser minimizada através da utilização de aulas experimentais, que servirão de auxílio na compreensão dos temas abordados e em suas aplicações no cotidiano, já que proporcionam uma relação entre a teoria e a prática. Nossos resultados indicam a este tipo de inferência, uma vez que, durante a intervenção, os alunos venceram a timidez e o medo de errar, podendo, no diálogo, aprender ou consolidar aprendizagens, que pela característica experimental inerente a química, não ocorreram de forma significativa nas aulas puramente teóricas. O professor, ao desenvolver atividades práticas em sala de aula, estará contribuindo para o crescimento do aluno, além de lhe mostrar a relevância do conteúdo estudado, direcionando o mesmo a uma aprendizagem efetiva e, portanto, duradoura. Infelizmente, ainda é muito precária as condições de ocorrência dos processos de ensino e aprendizagem de química nas salas de aula, e sua justificativa na maioria das vezes é a falta de laboratório e recursos. Mas pudemos observar neste trabalho que é possível trabalhar a química, com recursos simples, de baixo custo e de fácil aquisição para uma aula mais dinâmica e prazerosa, mostrando ao aluno a química do nosso cotidiano. Em síntese, podemos afirmar que a atividade foi significativa para entender as diferenças entre as transformações químicas e físicas e o que de fato caracteriza a classificação de cada fenômeno.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
AGRADECIMENTOS Aos professores e alunos da Escola de Referência do Ensino Médio Confederação do Equador e a todos que colaboraram na realização deste trabalho.
REFERÊNCIAS ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química, 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. GALIAZZI, M. C.; GONCALVES, F. P. A Natureza Pedagógica da Experimentação: Uma Pesquisa na Licenciatura em Química. Química Nova, São Paulo, v. 27, n. 2, 2004. GIORDAN, M. O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências. Química Nova na Escola, 1999. PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na Abordagem do Cotidiano: Manual do Professor; 4ª edição. São Paulo: Moderna, 2010. SILVA, F.C.V. Resolução de uma Situação-Problema Sobre Radioatividade para Construção de Conceitos de Radioatividade no Ensino Superior de Química. 2013. 115p. Dissertação (Mestrado em Ensino das Ciências) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2013. .