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IDEOLOGIA, DISCURSO E LINGUAGEM Se, na história da humanidade, a revolta é contemporânea à extorsão do sobre - trabalho é porque a luta de classe é o motor da história. E se, em outro plano, a revolta é contemporânea à linguagem, é porque sua própria possibilidade se sustenta na existência de uma divisão do sujeito, inscrita no simbólico É preciso “ousar se revoltar” (Pêcheux, 1997: 302-304).
Marlon Leal RODRIGUES NEAD/UEMS/UFMS/UNICAMP Sandra Albano da SILVA UEMS/NA Resumo: a proposta de discussão deste texto é aborda ainda que de forma elementar a relação entre discurso, ideologia e linguagem. A reflexão recai a partir da diversidade de concepções sobre de discurso, ideologia e linguagem, muito embora pareça “fácil” compreender as dimensões quer práticas quer teóricas de cada termo. Outro aspecto destas relações é pensar ainda nas implicações de sentidos que cada termo possui a partir de uma área do conhecimento específica. Assim, a reflexão recai primeiramente sobre as relações para em seguida abordar a ideologia a partir de Chauí que discorre sobre a historicidade o termo até a sua prática social. Autores de diversas áreas são convocados para discussão e compreensão do termo ideologia. Se não é possível chegar a uma definição como aponta Eagleton, pelo menos é possível especificar de qual lugar político ou qual campo teórico se inscreve a noção de ideologia. Palavras-Chave: discurso, linguagem e ideologia.
A Análise do Discurso de linha francesa - AD - tem contribuído com as hermenêuticas contemporâneas, ou seja, com as disciplinas que tem como objeto a interpretação de textos. Uma das contribuições está em conceber a historicidade do discurso, dos sujeitos, a não transparência dos sentidos, a não evidência do que se chama objetividade das coisas: crenças, valores, idéias e linguagens. A outra contribuição e a que nos interessa é que as idéias, crenças e valores se materializam no discurso e na língua/linguagem de forma geral (verbal e não verbal). O que se chama de idéias, crenças e valores resumem-se pelo nome de ideologia. Termo difícil de definir dependendo da disciplina que o toma. Mesmo com um sentido negativo
contemporaneamente, o termo ideologia, pode-se dizer, é resultado das relações e formações sociais históricas cujo objetivo é orientar as práticas sociais dos sujeitos e dissimular seu efeito de evidência como natural. O fenômeno da “naturalização” das idéias, fenômenos e fatos visa produzir a alienação social, ou seja, entender e viver a sociedade como algo que surge de forças naturais estranhas e poderosas que faz com que tudo seja exatamente como é, impossibilitando contestações e ou transformações. Assim, se é o que é por natureza: empregado, patrão, senhor, escravo, pobre ou rico. Neste sentido, vamos apresentar algumas considerações do termo ideologia a partir da filósofa Marilena Chauí (O que é ideologia. 21a ed. São Paulo, Brasiliense, l986) pauta sua reflexão no clássico de Marx e Engels, “Ideologia Alemã” em que o sentido de ideologia se apresenta como “falsa consciência” ou “visão invertida da realidade”. Nessa perspectiva, o grupo dos que pensam domina a consciência social e tem um tipo de poder de disseminar idéias e valores através das artes, escola, filosofia, ciência, religião, leis e do direito. Neste sentido, inclusive no/do cotidiano (Certeau, 1995) uniformizando assim, o pensamento de todas as classes sob o jugo de um determinado modelo. No entanto, é importante ressaltar que diversas teorias, quer da linguagem ou vinda da filosofia já ultrapassaram a concepção marxista de “falsa consciência” e visão invertida da realidade. Eagleton (1997) comenta que nenhum intelectual mesmo que marxista assume que a ideologia de forma geral é um tipo de falsa consciência. Se assim for será necessário definir o que é uma consciência verdadeira. Se ampliássemos ainda mais a discussão é imperativo considerar em alguma medida, também a questão do inconsciente de Freud ou sua releitura por Lacan. Melhor pararmos por aqui, pois do contrário, estenderíamos as dúvidas e indefinições e este não é nosso propósito, ao menos, não nesse momento. A proposta aqui é apenas inicial naquilo que nos interessa em termos de apresentação do conceito de ideologia. Nesse sentido, a filósofa Chaui propõe uma trajetória interpretativa tendo como ponto de partida Aristóteles – filósofo grego – que para explicar o movimento parte da Teoria das Quatro Causas – material, formal, motriz, eficiente e causa final - que se relacionando de maneiras diversas entre si servem para explicar tudo que existe. Assim, o modo que existem e se alteram, e ainda o fim ou motivo para o qual existem, inclusive, os
fenômenos humanos: ética, política e os fenômenos naturais: físicos decorrem dessa explicação teórica e suas concepções correlatas. Tais concepções servem para abordar o fenômeno da existência material humana e o que se produz em termos de relações sociais, e também da existência da natureza e suas leis. Em ambos os casos, as questões objetivas e/ou subjetivas servem para compreender a realidade ancorando-se na noção de “idéias” como produto de cada sociedade. Vale ressaltar que, com o advento “das modernidades” as “certezas” gregas entraram em crise cuja conseqüência foi desestabilizar os homens em suas convicções, crenças e nas práticas cotidianas. Partindo da noção de idéia como produto social voltado para as práticas, o percurso reflexivo de Chauí passa em sequência por Galileu Galilei, Francis Bacon, Descartes apenas como percurso histórico para demonstrar o desenvolvimento dos conceitos sobre “idéias” que vai culminar na noção de ideologia enquanto estudos das idéias. Desttut de Tracy (1801) foi o primeiro pensador a propor “uma gênese das idéias” baseadas na “vontade, razão, percepção e memória”. Mas, é a partir dos preceitos de Marx e Engels que a filosofia vai desenvolver sua noção de ideologia e procurar refletir sobre o funcionamento social e suas transformações históricas. Dito de outra forma, vai questionar “o que determina as relações sociais de dominação política” que são exercidas por um tipo de “mascaramento da realidade” em forma de “ocultamento” ao qual denomina de ideologia. Muito embora parta de Marx e Engels, é possível considerar que a questão era saber por que diante de um fato social a possibilidade de leitura e interpretação pode ser variada sem cada uma deixar de possuir sua “verdade” uma vez que o tipo de leitura e interpretação não dependiam apenas da memória, nem da percepção e nem tão pouco da razão, mas de algo que organizava a forma de ler e interpretar o fato social. A este tipo de especulação e tentativa de compreender a respeito das idéias que orientam em grande medida a forma de ler e interpretar o mundo deu-se o nome ideologia. Logo a palavra ideologia adquire um sentido pejorativo possibilitar em alguma medida um tipo de desvendamento de algo que pode parecer não muito evidente para uns e muito evidente demais para outros. Não é sem propósito que Napoleão Bonaparte ataca os “ideólogos”,
inclusive Tracy. Já com Augusto Comte em sua obra filosófica, o sentido para ser positivo por se inscrever na ordem da “atividade filosófica científica”. Outro filósofo, Émile Durkheim, que também se vale do termo ideologia como “todo conhecimento da sociedade”, que é impregnado de subjetividade e diferente do conhecimento científico. Seu objetivo foi o de criar um método sociológico para dar cientificidade aos estudos sociais e fundar uma ciência distinta e autônoma. Propôs um tipo de análise que pudesse garantir a sonhada objetividade e a neutralidade do cientista diante do fato social a partir de determinados critérios. Ao criar um método sociológico, ele rompe com a sua formação inicial que é a filosofia e passa a ser um sociólogo. Contudo, a própria posição de sociólogo já estava comprometida, pois como é possível considerar fatos sociais com neutralidade objetiva? Aliás, existe neutralidade nas análises e ou estudos científicos? Nesse sentido, Chauí conclui que as análises realizadas sobre o termo ideologia normalmente tendiam para o subjetivismo, uma pré-noção, pois não levavam em considerações alguns aspectos que somente com o método do materialismo histórico-dialético se poderia dar um passo importante para compreender a questão da ideologia. Contudo, mesmo com a contribuição do marxismo o termo ainda terá que esperar algumas décadas para oferecer maior clareza acerca do funcionamento e da constituição dos estudos das idéias. A concepção marxista de ideologia oferece alguns caminhos metodológicos para explicar os mecanismos sociais de criação de práticas ideológicas e suas condições históricas, enfatizando “o que caracteriza a ideologia” de forma geral, para tentar chegar a uma definição mais específica do termo, no entanto, como ressaltado anteriormente, a noção de ideologia no marxismo é um problema para os próprios marxistas. Não é sem propósito dos marxistas como Althusser, Pêcheux, Orlandi, Löwy, apenas para citar alguns, procuram contribuir com reflexões específicas na compreensão do termo ideologia. Muito embora a filósofa Chauí parta de Marx para sua reflexão, ela também busca autores com os quais Marx dialogou: Hegel, Feuerbach, Max Stirnes e principalmente Engels; este último seu parceiro constante de elaboração teórica. Seguindo a tradição marxista como forma de ancorar sua posição, Chauí toma como referência para desenvolver sua análise “as condições sociais” a partir das “relações de produção e divisão de trabalho”. Nesse sentido especifica a discussão sobre o sujeito e a sua participação no processo social, em outros termos, como ele se “vê” e “reage” face às relações
sociais de dominação e subordinação. Com isto procura explicar a “alienação” do sujeito e sua passividade diante de uma realidade social marcada pelo antagonismo, pela dialética, ou seja, pelas contradições sociais que atingem também a produção espiritual. Como Marx, ela também procura depurar o caráter subjetivo em relação ao sujeito e as relações sociais. Neste sentido, considera que a história é um desenvolvimento das idéias relacionado com as forças produtivas e neste aspecto a ideologia é constituída no/pelo processo de relações sociais em seu aspecto material de existência que não é evidente e transparente a todos os indivíduos. Todavia, é interessante frisar que o aspecto material da existência é o próprio processo de relações sociais em todas as suas práticas e ideário. As relações sociais nas sociedades movidas pelo capital são de fato as relações de produção, ou seja, o modo como os homens produzem e reproduzem as condições materiais de existência e o modo como estabelecem idéias e pensamentos nessas relações. Se não há transparência das relações de produção, então as idéias podem assumir sentidos e valores outros no bojo das relações sociais. Isto, posto, a ideologia é um dos meios mais utilizados para exercer a dominação, pois, o seu fim é fazer com que determinada idéia ou crença se estabeleça como verdade e demande seus “efeitos de sentido” (Pêcheux, 1997); sem demonstrar/mostrar evidentemente os interesses que estão em questão. Nisto reside a força e o poder da ideologia. Mas o que faz a ideologia ser o que é? Uma resposta possível seria a dificuldade de ser abstraída, pois para desenvolver determinada atividade intelectual é necessário ter um tipo de acesso aos bens culturais e intelectuais uma vez que o intelecto requer uma atividade material, concreta. Então, há três questões razões principais que fertilizam a ocorrência da ideologia ser como é: - 1 – “o que faz a ideologia possível é a separação entre trabalho material e trabalho intelectual”; - 2 – “o que torna a ideologia objetivamente possível é o fenômeno da alienação”; - 3 – “o que torna possível a ideologia é a luta de classe, a dominação de uma classe sobre as outras. Porém, o que faz da ideologia uma força quase impossível de ser destruída é o fato de que a dominação real é justamente aquilo que a ideologia tem por finalidade ocultar”.
E nisto, em busca de uma síntese a autora afirma: “a ideologia simplesmente cristaliza em verdades a visão invertida do real”, considerando que “visão do real” signifique e implique em valores e crenças enquanto conjunto de idéias de uma terminada época para uma determinada classe social. Tais considerações da autora visam encontrar uma forma explicativa para demonstrar o funcionamento da ideologia e suas implicações sociais e históricas, no entanto, há dois fenômenos essenciais nesse processo: idéias e representações. Os dois representam o antagonismo invertido das relações sociais. A autora, assim, traçou, desde Aristóteles, um percurso para materializar os processos de desenvolvimento histórico-sociais como um extrato dialético enquanto um conjunto de regras, sistematizadas sob a forma de idéias e representações da realidade material. Outro filósofo se posicionando também no âmbito do materialismo histórico-dialético, Bakhtin (1929: 31) aprofunda o conceito de ideologia para o âmbito dos estudos da linguagem e afirmou que “as bases de uma teoria marxista de criação ideológica (...) estão estreitamente ligada aos problemas da filosofia da linguagem” e tendo esta afirmação como referência, pode-se considerar que é o suficiente para desmontar parcialmente as proposições de Chauí. Bakhtin (idem, 31) continua: Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social) (...) ele reflete e refrata uma outra realidade que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo (...). Tudo que é ideológico é um signo, sem signo não existe ideologia. Ao afirmar que a ideologia é sígnea e sem signo não há ideologia, os conceitos de idéias e representações não resistem a uma análise, pois ainda afirma Bakhtin “a palavra é um fenômeno ideológico por excelência.” Em articulação ao que afirma Bakhtin, Chaui (1998: 149), explica que a linguagem é em parte simbólica porque opera por analogias (semelhanças entre palavras e sons, entre palavras e coisas) e por metáforas (emprego de uma palavra ou de um conjunto de palavras para substituir outras e criar um sentido poético para a expressão). Dessa forma, pode ser entendida como imaginação e está fortemente relacionada à emoção e afetividade e sem
dúvida, impregnada de ideologias, haja vista que é o próprio viver no mundo que suscita sentidos e palavras de tal modo que pensamento e linguagem são indissociáveis. Althusser (l960: 60), outro filósofo marxista, demonstra o lugar de manifestação das ideologias através dos aparelhos ideológicos de estado. Contudo, cumpre apontar que o conceito de ideologia de Althusser é passivo de críticas. A sua reflexão se constitui não apenas no âmbito do marxismo, mas em trazer para o debate sobre ideologia as questões do inconsciente na releitura que Lacan faz de Freud para demonstrar o funcionamento da ideologia como a sua não evidência. Fiorin (l990: 30), lingüista, argumenta que: “a ideologia é constituída pela realidade e constituinte da realidade. Não é um conjunto de idéias que surgem do nada ou da mente privilegiada de alguns pensadores”. Contudo, o autor afirma ainda que: “esse conjunto de idéias (...) representações (...) é o que comumente se chama ideologia” e a essa “conceituação” cumpre destacar que idéia e representação, para Fiorin, possuem significados diferentes em relação ao conceito de Chauí. Já o filósofo Eagleton (1993), neomarxista ou pós-estruturalista, enumera dezesseis das vinte e seis definições de ideologia que são utilizadas atualmente. O autor em uma de suas definições afirma o seguinte: “a ideologia é antes uma questão de “discurso” que de “linguagem” - mas uma questão de certos efeitos discursivos concretos que de significação como tal” é voltada para as práticas sociais. É possível ainda considerar outros autores que também tem refletido sobre a questão da ideologia como Orlandi (1999: 53): Ao dizer o sujeito significa em condições determinadas, impelido, de um lado, pela língua e, do outro, pelo mundo, também por sua memória discursiva, por um saber/poder/dever dizer, em que os fatos fazem sentido por se inscreverem em formações discursivas que representam no discurso as injunções ideológicas.
E Michel Pêcheux (1997: 146-148): Compreende-se, então, por que em sua materialidade concreta, a instância ideológica existe sob a forma de formações ideológicas (referidas aos
Aparelhos Ideológicos do Estado), que, ao mesmo tempo, possuem um caráter “regional” e comportam posições de classe: os “objetos” ideológicos são sempre fornecidos ao mesmo tempo que a maneira de se servir deles. (...) o que se pode comentar dizendo que as ideologias práticas são práticas de classes na Ideologia. (...) 1) só há prática através de e sob uma ideologia; 2) só há ideologia pelo sujeito e para sujeitos. Considerando que “todo processo discursivo se inscreve numa relação ideológica de classes” (Idem: 92), Pêcheux afirma que as palavras, expressões, proposições etc. recebem seu sentido da formação discursiva na qual são produzidas. Inclusive, e sob esta perspectiva, Lima (2006: 67), explica, a partir de Pêcheux, que “a interpelação do individuo em sujeito de seu discurso se efetua pela sua identificação com a formação discursiva que o domina, isto é, na qual ele é constituído como sujeito.”A autora enfatiza que a produção de sentido é parte da interpelação do indivíduo em sujeito, e, mais, que entre outras determinações, o sujeito “é produzido como causa de si sob o efeito do interdiscurso.” Sobre isso, Pêcheux (1997:160) reintera: O sentido de uma palavra, de uma expressão, de uma proposição etc., não existe ‘em si mesmo’[...], mas, ao contrário, é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões e proposições são produzidas [isto é, reproduzidas]. É viável, assim, considerar que Bakhtin constitui sua posição da filosofia da linguagem; Fiorin enquanto lingüista; Athusser, Eagleton e Chauí enquanto filósofos, cada qual com seus limites explicativos que o campo do saber os circunscrevem, que se complementam em síntese intelectual para compreender o que se denomina de ideologia. Vimos a partir dessas definições, que para entender o que é ideologia é preciso antes de tudo reconhecê-la como um complexo de relações históricas das formações sociais a partir das condições da existência material, das condições de produção. O que o sujeito ou indivíduo produz enquanto idéias, representações, valores, crenças, visão de mundo são constituídos no bojo da luta de classes. Dentre as várias contribuições, ressaltamos a de Chauí, que, considerando suas referências e posições teóricas e política, se destaca por demonstrar que o mundo, a realidade e
as relações que os definem não são transparentes para a grande maioria dos sujeitos, o que os torna vulneráveis a um tipo de “cegueira”, ou em menor grau, de uma limitação compreensiva do mundo em todas as suas manifestações levando-os a serem, em grande, parte reprodutores e não produtores ativos e críticos da história. Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob a circunstância de sua escolha e sim aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado (...). E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, criar algo que jamais existiu (...) os homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar-se nessa linguagem emprestada (Marx (1997: 21).
Sem dúvida, essa “névoa”, para alguns, que supostamente oculta a realidade ou que nos constitui, para grande parte dos sujeitos sociais é produto do fenômeno da alienação sobre as suas quatro formas de ocorrência: língua, social, econômica e intelectual; que, em síntese, são as fontes originárias da ideologia. A medida em o sujeito se encontra alienado para uns e interpelados para outros, sem aceso ou com restrições evidentes aos bens sociais, materiais e culturais, fica a mercê das supostas vontades, valores e idéias de outrem, que em geral, não correspondem as suas ou aos seus reais interesses, mas, por apresentarem-se como legítimos, acabam sendo incorporados e reproduzidos por esse mesmo sujeito alienado, já que ele não se reconhece como tal, e os adota irrefletidamente como seus. Referências Bibliográficas ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos do Estado. Lisboa: Presença - Martins Fontes, 1974.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 6. ed. São Paulo: HUCITEC, 1986.
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EAGLETON, T. Ideologia, uma introdução. São Paulo: Editora da UNESP, 1997.
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